terça-feira, 23 de agosto de 2016

Livro mostra educação matemática no contexto da economia solidária

Da Redação

De que forma a matemática pode ajudar a promover a inclusão social? O que é economia solidária? O que é etnomatemática? As respostas para essas perguntas estão no livro Educação Matemática no contexto da Economia Solidária, escrito pela professora Renata Meneghetti, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. 

Amanhã (24), a professora realizará uma palestra e lançará a obra no auditório Fernão Stella de Rodrigues Germano, a partir das 10h40. O evento faz parte das atividades do Simpósio de Matemática para a Graduação (SiM), é gratuito, aberto a todos os interessados e não demanda inscrições prévias.

Renata faz parte do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação | Foto: Divulgação
Na busca por mostrar formas alternativas de ensinar e aprender matemática, o livro apresenta o trabalho realizado em empreendimentos em economia solidária. "Economia solidária é uma forma diferente de gerar renda, pautada nos princípios da cooperação, solidariedade e autogestão”, explica Renata, que coordena o grupo de pesquisa em Educação e Matemática Solidária (EduMatEcoSol) do ICMC e atua em parceria com o Núcleo Multidisciplinar e Integrado de Estudos, Formação e Intervenção em Economia Solidária (NuMI-EcoSol) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

O livro apresenta subsídios teóricos e práticos, relatando atividades de ensino e aprendizagem de matemática desenvolvidas nos três primeiros empreendimentos acompanhados pelo grupo: uma marcenaria feminina, uma cooperativa de limpeza e um grupo de fabricação de Sabão Caseiro. “Em geral, os membros desses empreendimentos são pessoas adultas que abandonaram a escola antes de finalizar a educação básica”, pondera Renata.

A prática de ensino da matemática começa com a identificação das necessidades encontradas no cotidiano de cada empreendimento. Essa etapa é realizada por meio de conversas informais ou de entrevistas com as pessoas que fazem parte desses empreendimentos. A seguir, acontece a análise das dificuldades identificadas e o grupo de pesquisadores faz um diagnóstico inicial. 

Depois, as intervenções ocorrem por meio de oficinas pedagógicas nos locais ou de minicursos. Por exemplo: se a compreensão sobre o conceito de porcentagem é uma das demandas identificada, o grupo estuda maneiras de ensinar esse conceito às pessoas que precisam compreendê-lo. Na penúltima etapa, são avaliadas as intervenções e é produzido o diagnóstico final. Por último, são estudadas possíveis intervenções futuras (veja infográfico)

Arte: Divulgação
Essa metodologia prática está descrita detalhadamente em um dos capítulos do livro. “Além de discutir o tema, com esse livro pretende-se criar subsídios para outras pesquisas e atuações pedagógicas da educação matemática no contexto da economia solidária”, diz a professora. “Visa-se, também, contribuir com discussões sobre inovações e possibilidades metodológicas no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem da matemática nesse contexto”, completa.  

Etnomatemática 

Entre os conceitos apresentados no livro está a etnomatemática, que é uma forma de ver a matemática considerando as condições econômicas, sociais e culturais do contexto em que essa ciência está inserida. Nesse sentido, a matemática vivenciada pelos indígenas, pela dona de casa, pela costureira, pelo empresário é distinta em função das diferentes realidades em que essas pessoas vivem. 

"A etnomatemática é motivada pela busca do entendimento do saber e fazer matemática no transcorrer da história da humanidade, que muda constantemente. Levando essas transformações em conta, é possível deixarmos a matemática mais interessante para ser ensinada e aprendida", explica Renata.

O livro também apresenta uma discussão teórica, no contexto da economia solidária, sobre etnomatemática, resolução de problemas, aprendizagem significativa, educação não formal e educação de jovens e adultos. Lançada pela editora Appris, a obra conta com um prefácio do professor Ubiratan D’Ambrosio, matemático brasileiro reconhecido internacionalmente que propôs o programa etnomatemática.



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