quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Oswana: “é fácil falar de enxugar a máquina pública sem conhecer”

Por Vitor Lima 

Nas tratativas para definir o nome de quem concorreria como candidato a vice-prefeito na chapa que defende a reeleição, ao lado de Carlos Grana (PT), vários nomes foram cogitados. Mas, no fim das contas, os 11 partidos que compõem a coligação Pra seguir melhorando concordaram em manter a empresária Oswana Fameli (PMB) para a disputa. 

Oswana que chefiará a Prefeitura pelo menos até 2 de outubro, já que Grana se licenciou do cargo na última segunda-feira (19) para se dedicar integralmente à reta final da campanha eleitoral. 

Em entrevista exclusiva concedida ao Ponto Final, a vice-prefeita fez um balanço do atual mandato, projetou ações para um possível novo governo e criticou promessas sem consistência de adversários sobre a diminuição da chamada “máquina pública”. Confira, a seguir, os principais pontos da entrevista com a empresária. 
Vice-prefeita compõe a chapa com Carlos Grana novamente | Foto: Diego Barros/PSA
Ponto Final (PF): Comentava-se muito sobre outros nomes para a vaga de vice-prefeita nesta chapa, mas a senhora foi a escolhida. Qual é o sentimento de ser escolhida novamente? 
Oswana Fameli (OF): Eu fiquei muito lisonjeada. A unanimidade em torno do meu nome e a firmeza do nosso prefeito, do compromisso. Foi o reconhecimento de um trabalho. E a gente sabe que tem muito para ser feito ainda. Eu não tenho medo de trabalhar, não tenho preguiça não. E acredito no projeto que a gente tem. Isso para mim me dá um espírito de renovação para continuarmos trabalhando. 

PF: O que vocês pretendem fazer no segundo mandato que não fizeram no primeiro? 
OF: Tem muita coisa, a cidade é muito grande. Nós temos uma realidade muito diferente em cada canto da cidade. Muita coisa foi feita... O Parque Tecnológico: nós credenciamos, agora a gente precisa fazer funcionar. Nós temos mais de 1.900 unidades habitacionais que estão em projeto para poder executar. Muitas já foram entregues, quase três mil casas, mas tem muitas ainda para entregar. Algumas UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) foram reformadas, mas tem muito mais para fazer. Acho que em todas as áreas nós tivemos ações, mas tem coisa para fazer.

PF: Sobre o Parque Tecnológico: quais serão os próximos passos para que ele inicie as operações?
OF: A gente precisa de dinheiro para efetivar isso, para reformar a área, fazer a instalação. A gente já tem a sinalização de algumas universidades para laboratório de pesquisa e algumas indústrias como âncora para haver instalação ali. Agora a gente precisa financiar isso. Existe uma emenda orçamentária do governo do estado apresentada pelo deputado Luiz Turco de R$ 14 milhões, que a gente aguarda a liberação para investir na estruturação do Parque. Existe o trabalho de uma moção da sociedade para fazer um apelo para que (o governo estadual) libere. Afinal de contas, o governo do estado investiu tanto em outras cidades que eu acho que é merecido e digno para a nossa região receber este investimento. 

PF: Em um novo mandato, a senhora será responsável novamente por alguma secretaria? 
OF: Precisamos aguardar. Eu e o prefeito vamos conversar. Eu até quero ressaltar e agradecer a confiança dele porque todo mundo sabe que a minha origem é na Educação. Sou empresária da área da Educação. E a confiança dele em me entregar uma Secretaria de Desenvolvimento Econômico me deixou muito grata, muito satisfeita. E sem dúvida nenhuma, eu me sinto muito realizada em poder ter feito muita coisa. 

PF: Muitos candidatos defendem que a Prefeitura deve “enxugar a máquina pública” e um dos caminhos apontados é o corte de algumas secretárias. Comenta-se que uma das secretárias que seriam extintas é a Secretária de Políticas para Mulheres, criada na atual gestão. Como a senhora avalia esta situação?
OF: Somos 52% de mulheres que formam a nossa sociedade. É incomum ver uma mulher que fica só nas prendas do lar. Isso quando não é ela o arrimo da família. Mas para ela começar a poder disputar de forma equivalente com o cargo do homem, ela tem que ter a segurança para a formação da sua cria, preservação da maternidade. Para isso acontecer precisa ter uma boa creche, uma boa escola, para que a mulher saia para trabalhar tranquila. É preciso ter um programa de habitação para que a mulher tenha condição de ter a sua casa própria. É preciso que a mulher tenha espaço, que a mulher tenha no mínimo uma legislação a favor. A Secretaria de Políticas para Mulheres é para garantir essa condição. Eu penso que é fácil falar de enxugar a máquina pública sem conhecer a máquina pública. Se não conhece, se não sabe como ela é formada, isto para mim é falácia. Eu acho que podemos apontar algumas possibilidades, mas primeiro precisa conhecer para não apontar errado e não fazer besteira. Às vezes, é muito fácil falar ‘vou ativar a economia da cidade gerando emprego, novas indústrias’.  Mas espera: para promover uma lei de incentivo fiscal primeiro você precisa ter área para disponibilizar. Qual área tem para disponibilizar em Santo André? Não tem área para disponibilizar! Pensa para falar um pouco, para ter poder de argumentação. Se não é promessa para o ar, castelo de areia. E depois? Eu acho que a gente tem que ter muito respeito com o próximo e pensar em projetos que sejam para o coletivo, não pessoais. Tem muito candidato fazendo projeto pessoal. 

PF: No plano de governo da última eleição, a chapa de vocês pleiteava a criação de uma Escola Técnica Federal de Ensino Médio no 2° Subdistrito. Ela não foi entregue. Na área de mobilidade, estavam previstas intervenções em dois viadutos que ligam o Centro a esta região que não foram iniciadas. Ficou algum débito com o 2° Subdistrito?
OF: Não só com esta região, mas com a cidade como um todo. Primeiro porque a gente vislumbrava um cenário nacional e apostava numa possibilidade que ia além dos nossos esforços. Sobre a Escola Técnica Federal, acho que todo mundo viu o esforço que o prefeito fez para designar a área para instalação, mas a gente passou por essa turbulência na área federal, que inclusive a própria Universidade Federal atrasou a sua construção. Então acho que nestes dois casos que você citou foi além da possibilidade municipal. A gente fez um projeto e eu acho que este projeto não deve ser engavetado, é um projeto que, para um próximo governo, a gente vai continuar trabalhando e eu acredito que vindo o Parque Tecnológico é mais fácil para trazer se não o Instituto Federal, o Instituto Estadual, uma Faculdade de Tecnologia. A gente consegue ter um poder de atração maior. A mesma coisa em relação à alça dos viadutos. Para mim que sou do 2° Subdistrito é importante pensar na questão do lado de cá. Mas foi um período em que nós tivemos queda de receita muito grande. O projeto está pronto, a gente está esperando a liberação da verba, a licitação já foi feita e eu acredito que deva sair no próximo mandato, porque isto é prioridade do Grana e também é um compromisso comigo, porque sou daqui. Nós temos uma dívida que a gente paga que não foi feita por nós. A questão dos precatórios ela é muito relevante. O quanto não poderia ser feito (com o dinheiro dos precatórios)? Faltou condição financeira para continuar fazendo mais. Agora, eu não acho que o 2° Subdistrito ficou sem benefícios. A gente acompanhou toda a reforma do Parque Pignatari, a questão da mobilidade aqui em Santa Terezinha, a reforma do posto de saúde da Vila Metalúrgica, a reforma da sala de velório no Curuçá, o Hospital da Mulher teve grande investimento e outras obras. Eu não acho que não tenha havido atenção e cuidado com esta região, muito pelo contrário. Talvez tenha sido um dos prefeitos que mais fez por nós aqui.

PF: Porque os eleitores devem confiar o voto, novamente, na dobradinha Grana/Oswana?  
OF: Pelo compromisso com a cidade, pela seriedade do trabalho, pela harmonia na composição do governo. Devem votar em Grana e Oswana, porque a gente sabe aonde a gente quer chegar. A gente tem metas e tem seriedade. O Grana fala uma coisa que é muito certa: quando a gente se coloca na política, se coloca como servidor público. O nosso trabalho é servir e o servir dentro da gestão pública é elevar a qualidade de vida por onde a gente passar. Esse é o nosso compromisso. Quando a gente pega um programa de governo de quatro anos atrás e vê que praticamente 84% foi cumprido... é, não é 100%. Mas diante de toda a conjuntura nacional, diante da situação que nós encontramos a nossa cidade, eu diria, que bom que a gente conseguiu chegar a 84%. Porque a gente tem somente 16% para colocar, além daquilo que a gente tem de desafio. Nós temos feitos muito grandes. Talvez feitos que não apareçam, mas com certeza são sementes para o futuro.

Obs.: Espaço aberto a todos os candidatos aos cargos eletivos de 2016. Interessados em apresentar suas ideias e propostas aos leitores do Ponto Final escrevam para redacao@pfinal.com.br. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário