sexta-feira, 23 de setembro de 2016

“Quando pararem de roubar vai sobrar dinheiro para administrar”, afirma Dennis Ferrão

Por Vivian Silva 

Com anos de experiência no Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (GARRA) e na Polícia Federal, Dennis Ferrão, 45 anos, é o candidato a vice-prefeito de Santo André pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). 

Na chapa do candidato a prefeito, Rafael Daniel (PMDB), Ferrão ressalta que o combate à corrupção é uma das bandeiras da campanha, além de ressaltar que a equipe deste projeto de governo é formada por gestores e administradores, pessoas que não estão inseridas no ambiente político e, consequentemente, imunes a qualquer vício político. Confira a seguir a entrevista exclusiva com o candidato. 

Dennis Ferrão tem anos de experiência na Polícia Federal e na Garra | Foto: Divulgação 
Ponto Final (PF): O que ou quem te motivou a sair como candidato a vice-prefeito em Santo André? Dennis Ferrão (DF): Eu sempre trabalhei na segurança pública daqui, nunca tive interesse e nem intenção de ser político, mas aconteceu de uma forma natural. Em 2010, eu perdi a minha esposa (primeiro casamento), ela estava doente, então, meu filho com 12 anos e minha filha com seis, foi um momento muito difícil. Eu sempre trabalhei em operações e viajei muito. Eu precisei me refazer, eu precisava estar perto da minha família, então, a minha motivação pessoal era estar perto dos meus filhos e na Polícia Federal eu não conseguia ter essa tranquilidade e essa proximidade, foi quando aceitei, pela primeira vez, o convite para sair candidato. 

PF: Nesta época, quem te fez o convite?
DF: Inicialmente foi o PRB (Partido Republicano Brasileiro), quando eu iniciei este trabalho. Depois eu fui a convite do delegado Protógenes para o PCdoB (Partido Comunista do Brasil), em 2012, e já naquela ocasião eu passei a questionar toda esta dificuldade de ter que andar a cidade toda, de conseguir fazer uma publicidade em massa, a não participação pública, porque enquanto a pessoa sabe que eu sou policial federal, um cidadão, tudo é lindo, quando eu vou entregar um cartão para que a pessoa saiba que eu tenho um número como candidato, eles batem a porta na sua cara, isso é natural, porque eu também faço isso. Então, hoje o nosso trabalho é muito mais difícil, porque nós ainda temos que informar o que é o quociente eleitoral, só que veja bem esta movimentação pública que aconteceu no Brasil todo, para mim, não é por acaso, eu acredito que as coisas não aconteçam por acaso, as portas estão se abrindo no sentido de haver uma mudança real no Brasil. Hoje eu não estou neste projeto por vaidade, eu não precisaria disso, até porque é muito mais moral ser policial federal do que político, mas eu vejo que é o certo, enquanto, nós cidadão de bem, pessoas realmente do público não se movimentar e não continuar caminhando em direção a mudança, nada vai ocorrer. Se me têm como liderança, eu tenho que continuar caminhando, mesmo cansado, e lutando contra um sistema que é muito difícil da gente derrubar, mas as mudanças que já teve daquele período para cá, favoreceu muito nosso projeto que é: a proibição do financiamento privado de campanha, que já fechou as portas do fundo. Dificilmente um empresário vai investir numa campanha, porque não sabe se vai conseguir entrar naquela fraudezinha de licitação; a delação premiada que já está ocorrendo no Congresso e estão se mobilizando para tentar de alguma forma segurar esse avanço também favoreceu muito para os esclarecimentos e para a notoriedade dos bastidores corruptos da política, então, hoje, infelizmente, quem está aí esperando dar continuidade neste processo de troca de favores e maletas dos bastidores pode ter certeza que se não ‘rodar’, se não tiver as consequências no decorrer do mandato dele, vai ter depois. 

PF: A princípio, o senhor sairia como candidato a prefeito. Por que houve esta mudança?
DF: A princípio eu estaria como candidato a prefeito, quanto mais prefeitos a gente lança numa candidatura, a gente mais pulveriza os votos, aí o que acontece esses que são os mesmos, que já tem um histórico político e que tem muito dinheiro embaixo do colchão, para conseguir ter visibilidade e (fazer) publicidade para que todo mundo saiba que ele está como candidato, ele acaba saindo na frente. Então, a gente precisaria reduzir, ninguém veio conversar comigo, porque ninguém quer um policial federal na Prefeitura e o único que, realmente, teve este interesse, teve esta ligação de objetivos foi o Rafael Daniel, pelo histórico da família, ele nunca teve cargo eletivo, ao mesmo tempo ele tem esse histórico de gestões administrativas muito bem avaliadas. E também tem essa injustiça (assassinato do ex-prefeito Celso Daniel) que a família dele viveu, ele vê no nosso projeto toda a integração para um amparo, onde a gente conseguiu se unir.  

PF: O senhor acredita que a sua presença dentro da Prefeitura irá coibir, por ventura, possíveis irregularidades?
DF: Eu não vou dizer que eu tenho certeza, mas eu vou te contar um fato muito certo, para que as pessoas possam avaliar. Em 2012, nas eleições municipais eu tinha como referência política o delegado Protógenes, porque era a única bandeira declarada contra corrupção, que eu conhecia no ambiente político, através dele, por ele estar num partido de esquerda, o atual prefeito, o senhor Carlos Grana, solicitou o meu atual projeto de segurança pública. Na época, o PT estava bem avaliado, eu até acreditei que, de fato, as intenções eram idôneas, fiz o projeto de segurança, que é esse que eu estou reformatando agora para a próxima gestão, ele ganhou muito votos com isso, trabalhei para que ele tivesse os votos onde a gente tem trânsito, porque eu acreditei também que faria um trabalho sério. Mas ele virou prefeito e engavetou o meu projeto. Hoje, está mais do que claro, porque eles não querem um policial federal na Prefeitura, isso é óbvio, tanto que nenhum dos outros candidatos me procurou para conversar, só o Rafael Daniel. Aí eu tive a certeza que, de fato, ele tem a intenção de fazer uma administração idônea. 

PF: Como a sua formação acadêmica e experiência na Garra/Polícia Federal auxiliaram na elaboração do plano de governo proposto pelo candidato Rafael Daniel? 
DF: Você não tem como traçar uma condição efetiva de combate à criminalidade, se você não a conhecer de perto. No plano de governo, justamente, essa questão da segurança pública é o que nós vamos direcionar em diversos aspectos, tanto diretamente com o trabalho com a guarda municipal, que eu chamo de polícia metropolitana, eu acho que tem que ter sim uma postura mais efetiva para atendimento da sociedade, a parte de câmeras, visibilidade de mobilidade urbana, visibilidade que eu digo é iluminação pública, dentre outras questões. Então, o plano de segurança pública envolve diversos aspectos, inclusive, a participação da iniciativa privada, que tem todo interesse em incentivar e colaborar com as ações de segurança. Embora me relacione diretamente com o trabalho de segurança pública, a minha especialidade, de fato, é o planejamento, desde que eu estou na Polícia Federal eu trabalho no setor de Planejamento Operacional, no qual eu desenvolvi um grupo de operações especiais para a gente trabalhar a atividade fim de prisão, as operações de maior risco e sempre com planejamento eficiente. Então, em tudo isso a gente conseguiu colaborar para um plano de governo que venha atender, de fato, sem o ‘blá blá blá’ político que a gente costuma ouvir por aí sobre as necessidades sociais e locais. 

PF: Em sua opinião, quais são as principais demandas em Santo André?
DF: Estatisticamente, já é declarado segurança pública como demanda número um, na verdade, pela primeira vez no Brasil, as pesquisas demostraram que a grande preocupação pública é a corrupção. Agora, nós temos aqui a primeira demanda segurança pública. Em alguns bairros, principalmente, no ‘fundão’ de Santo André a primeira demanda é Saúde pública, infelizmente, Educação fica um pouquinho mais para trás, mas nós como gestores sabemos que a Educação deveria ser colocada acima de todas essas, né, porque com a educação a gente tem menos gastos com segurança pública e, ao mesmo tempo, pessoas mais esclarecidas para lidar com as questões de saúde, então, é um tripé mínimo para uma sociedade estruturada, agora, efetivamente é isso: segurança pública e saúde. 

PF: Num possível mandato, como será a sua atuação? Assumirá alguma secretaria? Qual?
DF: O que a gente visualizou e procura trazer de forma mais eficiente é eu não estar apenas como vice, mas como secretário de Segurança Pública, porque é muito fácil você mandar, colocar um ‘testa de ferro’ e a gente até entende que é uma forma de se proteger politicamente, então, o prefeito, ou o vice-prefeito coloca uma pessoa lá para tomar as decisões difíceis  e, se algo der errado, não foi ele, foi o secretário. A gente acredita nas nossas ações e eu assumo as consequências daquilo que a gente pretende fazer, porque a gente tem a experiência necessária para isso, acho que falar ‘vai’ é muito simples e muito fácil, agora falar ‘vamos’ traz uma nova concepção de trabalho e é isso que está faltando para a nossa segurança local. 

PF: Os senhores pretendem fazer um replanejamento na Prefeitura. Já definiram se cortarão alguma secretaria ou cargos comissionados?
DF: Eu creio que sim. A gente tem que ter alguns cargos de confiança, porque algumas pessoas são extremamente capacitadas para cuidar de pastas que merecem toda a atenção técnica necessária para a gente dar efetividade. Por mim praticamente todos os cargos seriam extintos, com exceção de secretários e diretores. Não que tenha que mandar todo mundo embora, então vamos lá, vamos fazer uma prova de capacitação, em termos de competência, o trabalho de todos deve ser avaliado, não só dos funcionários, com também dos gestores. Nós vamos reduzir as secretarias, isso já é proposta que o Rafael tem divulgado há certo tempo, os cargos comissionados ele fala em, no mínimo, 40% (do número atual).

PF: Há um déficit orçamentário na Prefeitura. Como vocês pretendem implantar mudanças na administração?
DF: Ele (Rafael Daniel) conta que o PMDB ofertou acesso ao presidente, a gente conversa muito com relação a isso. Para mim ‘blá blá blá’ político não resolve, quando a gente vai fazer uma apresentação a gente vê todos os candidatos falarem em plano de governo, os problemas aqui são esses, a gente vai fazer isso... Todo mundo sabe os problemas que nós temos, soluções existem várias, agora implantá-las é que depende de pessoas competentes e com esses conchavos políticos que eles fazem não são todas as pessoas que vão fazer parte da gestão que são competentes para isso. Já começa que quando pararem de roubar vai sobrar dinheiro para administrar, essa que é a verdade. Como é que você pode justificar R$ 198 mil o quilômetro quadrado de uma ciclovia, é só pegar o preço da lata, é inaceitável, é um tapa na cara do eleitor. Então, é lamentável a realidade que a gente vive, é contra isso que a gente luta e assim a duras penas, porque nós estamos na contramão da política tradicional. É, por isso, que eu acredito no projeto que o Rafael trouxe, ele tem essa expectativa, ele veio de um berço político, então, é juntando esse legado que ele tem, com a nossa capacidade de gestão e planejamento, que eu não tenho sombra de dúvida que vai sobrar recursos da própria cidade para que a gente consiga atender do básico para melhor. O que vier a mais será bom, a gente está se comprometendo a fazer com que as coisas funcionem, se a gente conseguir os recursos que a gente espera, que há de conseguir, tenho certeza que o público vai perceber isso num momento muito próximo e a gente vai ter o sucesso que a gente espera. Se tiver que ser, vai ser, porque é o que a gente acredita.

PF: Considerações finais.
DF: Eu sempre peço duas coisas para todo mundo, primeiro, que investigue suas lideranças, porque a pessoa já tem, às vezes, afinidade por um ou outro. Investigue, de fato, conheça os seus candidatos. Em segundo, que conhecendo os candidatos vote só nas pessoas que estão no meu projeto, porque se a pessoa não entender o que é o quociente eleitoral, a gente não consegue colocar ninguém na Câmara Municipal e sem esse apoio do Legislativo a gente não consegue governar, então, é importante também que a gente tenha os nossos vereadores incluídos neste programa de gestão. Então, são as duas coisas que eu peço: conheça os seus candidatos e depois que conhecer eu tenho certeza que a opção vai ser pelo nosso time. 

Obs.: Espaço aberto a todos os candidatos aos cargos eletivos de 2016. Interessados em apresentar suas ideias e propostas aos leitores do Ponto Final escrevam para redacao@pfinal.com.br. 






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