terça-feira, 20 de dezembro de 2016

“Empresários de ônibus são os maiores sonegadores”, dispara prefeito de Santo André, Carlos Grana

Por Adamo Bazani no blog do Ponto de Ônibus

Durante entrevista coletiva de transição, o prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), ao lado do prefeito eleito Paulinho Serra (PSDB), endureceu o tom contra empresários de ônibus da cidade e chamou os donos das viações de sonegadores. O alvo principal das declarações foi o dono do jornal Diário do Grande ABC e da maior frota da cidade, Ronan Maria Pinto. Juntas, as empresas de Ronan somam 53,4% de todos os ônibus da cidade do ABC Paulista.

Paulinho Serra participou da entrevista, no entanto, não fez nenhum comentário sobre o assunto.

As declarações do petista que não conseguiu se reeleger foram feitas após questionamentos dos jornalistas a respeito da licitação dos serviços de ônibus da Vila Luzita, um dos que reúne maior demanda da região e que desde outubro do ano é operado emergencialmente pela empresa Suzantur, que detém todas as operações na vizinha Mauá e entrou na cidade após polêmico descredenciamento das operadoras VCM – Viação Cidade de Mauá e Leblon Transporte de Passageiros, por iniciativa do prefeito Donisete Braga, também do PT e que também foi derrotado nas eleições.

Donisete Braga e sua equipe insistiram que as empresas de ônibus consultaram indevidamente os dados da bilhetagem eletrônica, mas nem a procuradora do município, Thais de Almeida Miana, concordou com a conclusão e em 27 de junho de 2013 sugeriu que Donisete Braga fizesse uma nova auditoria, o que não foi seguido nem pelo prefeito derrotado nas eleições e nem por Paulo Eugênio, à época Secretário de Mobilidade Urbana. A Viação Cidade de Mauá, de Baltazar José de Souza, recebia críticas dos passageiros pelos maus serviços, mas a Leblon Transporte de Passageiros tinha aprovação por parte de 90% dos passageiros, segundo pesquisa divulgada em 2012 pela prefeitura.

Nos bastidores, a informação é de que a Leblon começou a sofrer retaliações por não concordar em pagar campanhas políticas e também por não fazer parte do grupo empresarial liderado por Ronan, à época com boas relações com a Prefeitura de Mauá e com a Suzantur.

O caso do descredenciamento ainda está na justiça.

A Suzantur, em Santo André, substitui a Expresso Guarará, da família Passarelli, que decretou falência.

O contrato emergencial vai até abril e a prefeitura já abriu o processo de licitação com uma audiência pública.

Grana disse que as empresas da região, em especial de Ronan Maria Pinto, que já foi preso pela Operação Lava Jato, não participaram da contratação emergencial porque estão em débito com o município. Segundo o atual prefeito, se as companhias de ônibus continuarem nesta situação, também não teriam condições jurídicas de participarem da licitação cujo contrato deve durar 10 anos renováveis por outros 10. O prefeito citou nominalmente a Viação Guaianazes, a maior empresa da cidade e que pertence a Ronan, que também é dono do jornal Diário do Grande ABC.

A compra do Diário do Grande ABC é um dos alvos do juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato.

As investigações querem comprovar que o jornal foi comprado por Ronan após o empresário supostamente ter extorquido dinheiro da cúpula nacional do PT para não envolver nomes como do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e dos ex-ministros Gilberto Carvalho, José Dirceu e José Genoíno, no assassinato do prefeito Celso Daniel. O Ministério Público de São Paulo sustenta que o prefeito Celso Daniel foi assassinado 2002 por causa de um esquema de corrupção envolvendo o poder público e as empresas de ônibus. A defesa de Ronan nega as duas acusações.

O dinheiro usado para pagar a suposta extorsão teve como origem o empréstimo que o pecuarista e amigo de Lula, José Carlos Bumlai, adquiriu junto ao Banco Schahin, ainda de acordo com a força-tarefa de procuradores do Ministério Público Federal, auditores da Receita Federal e policiais federais, todos na Operação Lava Jato.

O empréstimo nunca foi pago pelo PT, mas em troca, o Grupo Schahin conseguiu contratos privilegiados com a Petrobras, como para a Operação do navio-sonda Vitória 10,000, que custou aos cofres públicos US$ 1,6 bilhão, sustentam as denúncias.

O prefeito Carlos Grana ainda disse que os empresários da cidade devem somente de ISS imposto sobre serviços mais de 12 milhões de reais.

“A maioria dos empresários de ônibus não paga imposto em Santo André, todos …. Se não for todos, é 99% …. não pagam, são sonegadores … A maioria dos empresários de transportes em Santo André é sonegadora. Para concorrer a licitação [da Vila Luzita] tem de estar em dia com os impostos. Se a Guaianazes [empresa de Ronan] quiser concorrer tem de estar em dia … Nem ela [Guaianazes], nem o senhor Baltazar [José de Souza – outro empresário do ABC] estão em dia… Sei que Diário do Grande ABC [de Ronan Maria Pinto] não vai falar isso … Tirando a Guarará, que pediu falência, [as empresas de ônibus] estão devendo R$ 12 milhões de ISS. É uma divida principalmente do Ronan Maria Pinto, é o que mais deve … Tem gente que tem medo, tem gente que quer ficar calada porque [o Ronan] vai ficar usando o Diário do Grande ABC para atacar políticos … O transporte de Santo André é o setor que não está pagando em dia e eu provo” – disse o prefeito de Santo André, Carlos Grana.

Nota da  Redação
O Ponto Final já havia publicado neste blog, em 19/12, esta informação 
http://jornalpfinal.blogspot.com.br/2016/12/novo-governo-andreense-deve-receber-r.html
e solicitou ao empresário Ronan Maria Pinto seu posicionamento a respeito, mas, até o momento, não obtivemos retorno algum. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário