segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Novo governo andreense deve receber R$ 200 milhões de restos a pagar

Por Vivian Silva 

O prefeito de Santo André, Carlos Grana, e o prefeito eleito, Paulo Serra, juntamente, com secretários se reuniram na última sexta-feira (16) no prédio do Executivo para encerrar formalmente a transição do governo. Na ocasião, Grana anunciou que, provavelmente, fique de restos a pagar (débitos) para a nova gestão cerca de R$ 200 milhões. Além disso, comentaram sobre a gestão da água no município – que ficará a cargo do prefeito eleito – além da sonegação de impostos, por parte de empresários de ônibus. 

Encontro ocorreu no Gabinete do prefeito | Foto: Donizete Gimenez 
De acordo com Grana, o montante de R$ 200 milhões – que pode mudar até o fim do ano - é referente a débitos com fornecedores, principalmente, da Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André (Craisa), além do décimo terceiro dos funcionários (setor Saúde) da Fundação do ABC (FUABC) que ainda não foi quitado e não há previsão. A queda na arrecadação orçamentária e o alto custo com pagamentos de precatórios no município são justificativas para a situação atual. 

“É bom lembrar que quando assumi em 2013, o Paulo (Serra) estava comigo aqui, a gente recebeu com uma dívida de R$ 130 milhões de restos a pagar. É bom lembrar também que quando o ex-prefeito Aidan assumiu a Prefeitura, em 2009, ele teve um saldo de R$ 90 milhões positivo... então, eu digo ao Paulo que, claro, a situação não está fácil, estamos vendo o Brasil, a situação generalizada (dívidas dos estados), mas eu diria que a gente está deixando para você uma situação menos desfavorável do que eu recebi em 2013. Menos desfavorável não quer dizer que está boa”, comenta o prefeito. 

Previdência 
Apesar da Previdência em Santo André estar com saldo positivo de R$ 300 milhões, Grana ressaltou que a questão da aposentadoria é preocupante, pois nos próximos quatro anos dobrará o número de funcionários que se aposentarão. Ele explica que há dois regimes que atendem o funcionalismo público na cidade, porém, o regime antigo é deficitário.  “Os novos funcionários estão com saldo positivo, agora do tesouro todo mês, nós pagamos mais de complemento das aposentadorias, do que pagamos de precatórios. E precatório já é uma sangria de R$ 6 milhões por mês, mas o complemento aqui nós estamos falando de R$ 8 milhões por mês”, conta o chefe do Executivo. 

Gestão da água
Recentemente, a questão da água causou um burburinho no município. O atual governo anunciou uma Parceria Público-Privada (PPP), para gerenciar o serviço de água da cidade e o prefeito eleito entrou com uma ação para suspender o processo. Entretanto, durante este encontro, Grana anunciou que deixará Serra decidir sobre o futuro da água no município, por entender se tratar de um assunto de “extrema relevância para a cidade” e porque a “empresa vencedora do processo (Odebrecht) acabou de ser vendida para outra empresa (Brookfield)”.   

“A gente vai, a partir de 1º de janeiro, com a nossa equipe e a futura Secretaria do Meio Ambiente do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) avaliar todo andamento deste processo e tomar a decisão”, diz Serra. 

Sonegação de impostos 
Durante o encontro, o atual prefeito não poupou críticas aos empresários de ônibus do município, especialmente, ao Ronan Maria Pinto, que também é proprietário do jornal Diário do Grande ABC. “A maioria dos empresários do transporte de Santo André são sonegadores! Não pagam (impostos)! De ISS (Imposto Sobre Serviços), tirando a Guarará que pediu autofalência, estão devendo R$ 12 milhões a Prefeitura de Santo André, só este ano. A maior dívida é do Sr. Ronan Maria Pinto, inclusive”. 

A reportagem do Ponto Final procurou o empresário para comentar o caso, mas até o momento não obteve retorno.



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