por Adamo Bazani
Nos próximos dias, a prefeitura de Mauá, na Grande São Paulo, deve assinar o contrato com a empresa Suzantur, declarada vencedora da licitação dos transportes municipais para operação de todas as linhas de ônibus da cidade.
Duas participantes da licitação, Viação Diadema e Princesa 
Eireli contestam a proposta da Suzantur, alegando que a empresa não terá 
condições de cumprir a idade média da frota em 2020 e que as planilhas 
apresentadas pela companhia não provam a viabilidade econômica-financeira. O 
contrato é por dez anos, renováveis por mais dez anos.  Veja matéria em:
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| Ônibus da Suzantur que assumirá em Mauá | 
A licitação ocorre em meio a acusações de supostas fraudes no 
sistema de bilhetagem eletrônica contra as antigas operadoras do município, VCM 
– Viação Cidade de Mauá e Leblon Transporte de Passageiros, e às informações de 
mercado de que houve uma espécie de manobra para que a empresa Leblon, que não 
pertence a grupos de empresários que já atuam no ABC Paulista, fosse retirada 
para que se restabelecesse o monopólio do setor.
Ao Blog Ponto de Ônibus, nesta segunda-feira, 04 de agosto de 
2014, o prefeito de Mauá, Donisete Braga, disse que o cenário proposto pelo 
poder público é diferente do que havia na cidade, inclusive da época na qual o 
empresário Baltazar José de Sousa, pelas empresas Viação Barão de Mauá e Viação 
Januária, controlava unicamente os serviços de transportes urbanos.
“Eu sempre fui e sou contra monopólios. Acredito plenamente 
neste modelo de mobilidade que Mauá terá a partir desta licitação. O fato de uma 
empresa operar os transportes não significa que o poder público não terá 
controle da situação. Pelo contrário, seremos rigorosos e a fiscalização será 
constante” – promete Donisete Braga.
Segundo ele, a prefeitura terá mecanismos de tecnologia e de 
gestão para que este controle seja mais eficiente, entre eles, sistema de GPS 
mais moderno para acompanhar cumprimento de itinerários e horários. 
Também será possível, de acordo com Donisete Braga, o 
passageiro acompanhar por celular a previsão da chegada dos ônibus aos pontos, 
dos horários e obter informações sobre os itinerários.
O prefeito reconhece que a situação hoje dos transportes em 
Mauá não está boa e que atualmente a mobilidade urbana é o que tem afetado mais 
sua imagem como administrador.
“Nas últimas reuniões do PPA (Plano Plurianual Participativo) 
a saúde que também é uma das queixas da população acabou sendo superada pela 
questão do transporte coletivo. Sei da cobrança da população, mas eu estou 
seguro que este modelo vai dar certo. Não escolhemos este modelo do nada. Estive 
em outras cidades, como no estados do Paraná, Santa Catarina, e em São Paulo, 
que adotam sistemas semelhantes e que os transportes têm qualidade. Sei da 
responsabilidade que tenho em mãos” – complementou.
Donisete Braga ainda falou que o fato de uma empresa operar 
unicamente na cidade “dá mais condições de ela se organizar”. Ele citou, como 
exemplo, a colocação de 248 ônibus zero quilômetro, acessíveis para portadores 
de limitações de locomoção e que seguem já os padrões de restrição à emissão de 
poluentes, com base nas normas internacionais Euro V.
Esta frota significa aproximadamente 30 ônibus a mais 
operando na cidade em relação à quantidade atual de veículos de transporte 
coletivo.
A entrega da frota nova deve ocorrer até 08 de dezembro, 
aniversário da cidade.
“O modelo de licitação do edital é inédito e inova na cidade 
de Mauá. Nunca tivemos uma concessão por outorga (pela qual a empresa vencedora 
paga um valor ao poder público para poder operar). Apresentamos o edital, antes 
de ser lançado ao TJ (Tribunal de Justiça) e ao Tribunal de Contas da Cidade e 
não teve questionamentos” – disse Donisete Braga.
Ele ainda disse que fez uma “licitação em três meses, tempo 
recorde no ABC”.
Uma das exigências que ele considera como inovação é a 
colocação de 300 novos abrigos de ônibus na cidade com recursos da Suzantur.
Retirada da Viação Cidade de Mauá
Um dos questionamentos feitos pela população e pela 
reportagem é sobre o fato de duas empresas de ônibus terem sido descredenciadas, 
mas apenas uma ter sido retirada da noite para o dia, no caso a Leblon, e a 
outra empresa, Viação Cidade de Mauá, depois de oito meses ainda continuar 
operando.
Donisete Braga negou novamente que tivesse havido perseguição 
contra a Leblon.
“O que na verdade aconteceu é que as decisões se anteciparam 
contra a Leblon. Tivemos de respeitar essa questão jurídica. Depois vieram as 
decisões contra a Viação Cidade de Mauá e ainda sim, a empresa neste período 
teve conquistas jurídicas contra o descredenciamento, que agora já foram 
revertidas. Não somos contra empresários A, B ou C” – disse o prefeito de Mauá, 
Donisete Braga.
Aos poucos ainda a empresa contratada emergencialmente por 
Donisete Braga e pelo ex secretário de mobilidade urbana, Paulo Eugênio, e que 
teve a proposta aceita na licitação, Suzantur, tem assumido as linhas operadas 
pela Viação Cidade de Mauá. As linhas antes operadas pela Leblon foram entregues 
em um único dia à Suzantur pela prefeitura.
O descredenciamento das empresas recebe contestações 
judiciais até hoje.
A administração Donisete Braga acusa Viação Cidade de Mauá e 
Leblon de terem supostamente realizado consultas sem autorização da prefeitura 
ao sistema de bilhetagem eletrônica. 
As empresas negam e a acusação não foi unanimidade nem na 
prefeitura. Em 27 de junho de 2013, a corregedora do município, Thaís de Almeida 
Miana, acatou as provas apresentadas pela Leblon de que não houve invasão ou 
fraude no sistema. A empresa argumentou que as consultas foram autorizadas pela 
prefeitura e que o próprio poder público treinou as companhias de ônibus. A 
corregedora então recomendou a realização de uma sindicância mais técnica e 
menos testemunhal.
A recomendação não foi seguida por Donisete Braga e nem por 
Paulo Eugênio que continuaram o processo de descredenciamento das duas 
empresas.
Bilhetagem eletrônica
A bilhetagem eletrônica que foi o epicentro do polêmico 
descredenciamento está num período de transição que não tem agradado os 
passageiros.
O Cartão Da Hora dá lugar ao cartão SIM – Sistema Integrado 
de Mauá. Passar pelas catracas do terminal central não tem sido tarefa 
fácil.
As filas são longas e o procedimento não é simples. Para 
pagar a viagem unitária, o passageiro tem de ir ao guichê com dinheiro, comprar 
o cartão, depois ir à catraca, aproximar do validador e após a liberação 
depositar o cartão no compartimento.
Segundo Donisete Braga, a migração do sistema do Cartão Da 
Hora para o SIM vai ocorrer até o dia 15 de agosto. A partir deste dia, quem tem 
créditos no Cartão Da Hora precisa fazer uma declaração de próprio punho pedindo 
a transferência para o novo cartão.
Ele garante também que a integração com a CPTM – Companhia 
Paulista de Trens Metropolitanos será possível a partir de 30 de agosto. Pelo 
sistema, o passageiro pode ter desconto de R$ 0,50 em cada sentido de viagem. Na 
ida, o desconto é mais fácil, sendo automático. Para a volta, os validadores das 
estações de trem e metrô não vão ler o cartão SIM. O passageiro terá de comprar 
por R$ 3 um bilhete de papel específico. Em Mauá, este bilhete terá de ser 
depositado na catraca e em seguida, o passageiro terá de encostar o cartão SIM 
no validador. A partir daí, o desconto de R$ 0,50 será feito na catraca do 
ônibus municipal.
Donisete disse que o sistema do Cartão SIM possibilitará um 
melhor controle do poder público sobre a arrecadação.
“Mauá não tinha este controle pleno. Por este sistema, por 
exemplo, teremos a certeza de quanto a empresa de ônibus paga de ISS (Imposto 
sobre Serviços), que é um imposto municipal. Saberemos realmente quantos 
passageiros usam o sistema e poderemos com mais facilidade detectar fraudes no 
uso de gratuidade” – garantiu Donisete Braga.
Ele disse ainda que fazem parte dos projetos de Mauá para 
Mobilidade Urbana as reformas e construções de seis terminais de ônibus. O 
primeiro deve ser o “Itapark/Barão”. 
De R$ 500 milhões liberados do PAC – Programa de Aceleração 
do Crescimento para Mauá, R$ 79,5 milhões serão destinados para os terminais de 
ônibus.
Donisete Braga disse que ainda faz parte do objetivo da 
prefeitura a criação da autarquia municipal de transportes MauáTrans, que vai 
atuar no gerenciamento do sistema.
Ele, no entanto, evitou falar em data para que a MauáTrans 
venha efetivamente a atuar. 
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em 
transportes
 
 
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