Por Vivian Silva
Nesta última quarta-feira (1º), o Centro de Valorização da Vida (CVV), entidade filantrópica, completou 55 anos de existência. Com atendimento gratuito, a instituição tem como missão oferecer apoio emocional e, com isso, prevenir suicídios.
De acordo com o último levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2012, anualmente, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio no mundo, o que significa que há uma morte a cada 40 segundos no planeta. Os jovens – entre 15 e 29 anos – e os idosos são os mais afetados.
No CVV Santo André haverá um curso para novos voluntários neste mês | Foto: Divulgação |
Para o voluntário do CVV Santo André, Antônio Freitas (nome fictício), 68 anos, que presta serviço no local há mais de dez anos, a depressão, falta de diálogo e tabu sobre o tema são fatores que contribuem com esta situação.
“A prevenção do suicídio é como a prevenção do câncer de mama, da aids...Todo mundo tem medo de falar do suicídio. Muita gente procura a gente e conversa, desabafa. Então, fazemos uma prevenção do suicídio. A pessoas está conseguindo se aliviar e se afasta um pouco deste caminho, entendeu. A necessidade que ela tem de desabafar que vai levando ela para esse caminho (do suicídio) ”, comenta o voluntário.
Na análise de Freitas, de maneira geral, o jovem sofre com bullying, timidez, muita competição, além dos conflitos pertinentes a idade. Já o idoso, muitas vezes, sente-se deslocado nesta fase da vida, devido a um maior tempo ocioso. Tudo isso pode ocasionar transtornos mentais, que podem ser agravados pelo uso de drogas, como o álcool. E, com isso, levar a pessoa a cometer um ato extremo como o suicídio.
A observação de Freitas é reiterada pelo relatório global lançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no último dia 23, no qual aponta que o número de casos de depressão aumentou 18% entre 2005 e 2015: são 322 milhões de pessoas em todo o mundo, a maioria mulheres. No Brasil, a depressão atinge 11,5 milhões de pessoas (5,8% da população), enquanto distúrbios relacionados à ansiedade afetam mais de 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população). A depressão é a principal causa de mortes por suicídio.
Comunicação para salvar vidas
No CVV, o atendimento ocorre com total sigilo. O voluntário conta que muitos jovens preferem se comunicar por meio do e-mail (santoandre@cvv.org.br) e, mesmo por este canal, não fica nada registrado no local. Assim que um e-mail é respondido, ele é deletado na sequência.
Desta maneira, saber ouvir, sem julgamento, é um dos pontos essenciais do atendimento. “Se a pessoa liga no CVV, ela já está ligando para um lugar que ela não conhece, para falar com um estranho, porque ela já tentou de alguma maneira falar na família, falar com os amigos, falar com a comunidade, no trabalho, na igreja e ela não encontra eco, não encontra apoio, porque as pessoas vão criticar, vão dar conselhos, todo mundo quer dar conselho, mas ninguém quer ouvir a pessoa, as razões dela”, analisa Freitas.
Atualmente, há 76 postos do CVV espalhados pelo País, com cerca de 2 mil voluntários. O número do CVV é 141, em Santo André também é possível ligar no 4972-4111, das 19h às 23h.
Novos voluntários
Para ser voluntário no CVV é preciso ser maior de idade e dispor de 4h30 semanais, para atuar no local. De 13 a 17 de março, das 19h30 às 22h, haverá no CVV Santo André (Rua Siqueira Alves, 97, Vila Alzira) um curso para quem deseja ser voluntário, ou quer conhecer um pouco mais sobre o trabalho realizado.
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