No domingo, dia 17 deste mês, por iniciativa do Papa Francisco, celebrou-se o terceiro Dia Mundial dos Pobres, com o lema: “A esperança dos pobres jamais se frustrará” (Sl 9, 19). Estas palavras expressam uma grande verdade: que a fé consegue gravar, sobretudo no coração dos mais pobres, a esperança perdida devido às injustiças, aos sofrimentos e à precariedade da vida serão superados com a força de Deus.
Neste ano, o "Dia Mundial dos Pobres" teve o lema: “A esperança dos pobres jamais se frustrará”, ressalta Dom Pedro Carlos Cipollini | Foto: Divulgação |
O Papa nos explica: “A opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e lança fora, é uma escolha prioritária que os discípulos de Cristo são chamados a abraçar para não trair a credibilidade da Igreja e dar uma esperança concreta a tantos indefesos. É neles que a caridade cristã encontra a sua prova real, porque quem partilha os seus sofrimentos com o amor de Cristo recebe força e dá vigor ao anúncio do Evangelho”.
O compromisso dos cristãos, por ocasião deste Dia Mundial e, sobretudo na vida ordinária de cada dia, não consiste apenas em iniciativas de assistência que, embora louváveis e necessárias, devem aumentar em cada um, aquela atenção plena, que é devida a toda a pessoa que se encontra em dificuldade. Esta atenção amiga é o início de uma verdadeira preocupação pelos pobres, buscando o seu bem.
Temos que admitir que não é fácil ser testemunha da esperança cristã no contexto cultural do consumismo, sempre propenso a aumentar um bem-estar superficial e efêmero. Requer-se uma mudança de mentalidade para redescobrir o essencial, para encarnar e tornar incisivo o anúncio do Reino de Deus que é justiça e paz!
É necessário colocar de parte as divisões que provêm de visões ideológicas ou políticas, fixar o olhar no essencial que não precisa de muitas palavras, mas de um olhar de amor e de uma mão estendida. Nos lembra o Papa Francisco: “Nunca vos esqueçais que a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual. É certo que os pobres também se aproximam de nós, porque estamos a distribuir-lhes o alimento, mas aquilo de que verdadeiramente precisam ultrapassa a sopa quente ou a sanduíche que oferecemos. Os pobres precisam das nossas mãos para se reerguer, dos nossos corações para sentir de novo o calor do afeto, da nossa presença para superar a solidão. Precisam simplesmente de amor...”.
Em nossa Diocese de Santo André foram atendidos inúmeros pobres em variados locais ao lado de nossas Igrejas ou nas praças ao seu redor. Os pobres adquirem verdadeira esperança, não quando nos veem gratificados por lhes termos concedido um pouco do nosso tempo e nossos bens, mas quando reconhecem no nosso sacrifício, um ato de amor gratuito que não procura recompensa.
Para que a atenção aos pobres seja constante, nossa Igreja Diocesana vai instituir oficialmente no dia 30 de novembro, dia de Santo André nosso padroeiro, o Vicariato Episcopal da Caridade Social. Este Vicariato da Caridade estará mobilizando todas as forças da Igreja Católica para que em conjunto, trabalhem, a partir da fé, na promoção dos pobres. Não uma promoção meramente assistencialista, mas no empenho para criar consciência e mobilizar forças, que possibilitem a superação de uma sociedade injusta na distribuição dos bens, sociedade que tende a descartar os pobres, quando não lhes oferece as migalhas que sobram.
Enfim, é necessário que esteja sempre em pauta a situação da grande quantidade de pobres e miseráveis. Diante de Deus eles acusam uma sociedade, cujas leis, os detentores do poder, por não serem capazes de dividir a felicidade com todos vivem a infelicidade sob a forma do medo e da desesperança.
Não nos esqueçamos do que dizia São Vicente de Paulo: “Deus ama os pobres e ama os que amam os pobres”. E com certeza, porque é bom, tolera os que não amam os pobres, esperando sua conversão.
*Dom Pedro Carlos Cipollini é bispo diocesano de Santo André.
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