quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Ana Gloria: Aidan amadureceu muito

Da Redação

Em continuidade às entrevistas com os principais personagens das eleições municipais da região do ABC paulista, isto é, os candidatos a prefeito e vice-prefeito, o Ponto Final entrevistou Ana Glória Silva, filiada ao Partido Social Democrata Cristão, candidata à vice-prefeita na chapa de Aidan Ravin (PSB), na cidade de Santo André.

Ana Glória é vice-prefeita na chapa do Aidan | Foto: Divulgação 


Ponto Final: Ana Gloria, quem é a senhora?

Ana Gloria: Eu sou médica ginecologista, sou formada em cirurgia geral também. Cursei e conclui o curso de Ciências da Computação, tenho MBA na FGV de Gestão de Negócios, com foco no terceiro setor. Tenho um MBA de Gestão de Comunicação em Mídias Digitais, no Senac.


PF: Com todas essas expertises, a ideia de participar da política é para colocar isso em prática tudo o que estudou e que pratica na medicina ou há outras intenções? 
AG: Politicamente a gente chegou numa situação social, que está insustentável. Ou a gente arregaça a manga e sai pra melhorar nossa rua, nossa cidade, o nosso estado, o nosso País e o nosso planeta. Eu achei que como eu já estou numa certa idade, depois que eu virei avó, eu comecei a ficar muito mais consciente do meu espaço e do espaço do próximo no planeta, eu acho que comecei a pensar mais politicamente. Eu acho que só tem uma forma de você ajudar a melhorar a sua cidade, o seu bairro e o seu País é estar inserida politicamente nesse contexto.

PF: A senhora acredita que a participação política é fundamental para isso, para a transformação?
AG: Sim. Se Deus deu o privilégio de você ter mais condições intelectuais e teve oportunidade de estudar, de melhorar como ser humano. Tem alguns que estudam, mas não melhoram. Mas se você pode melhorar com ser humano, você tem que ajudar o próximo, nós estamos falando de Pirâmide de Maslow, né. Na ponta da pirâmide, quando você já obteve todas aquelas coisas de sobrevivência, todas aquelas outras, você chega num ponto e você fala: ‘bom, mas e aí? O que eu posso fazer pelo próximo?’. Porque quando você melhora a vida do próximo, você melhora a sua também.

PF: É o efeito bumerangue?
AG: É, exatamente isso.

PF: E na Pirâmide de Maslow, a maioria da população hoje de Santo André está em qual setor da pirâmide?
AG:Acho que está no da sobrevivência, acho que o País está numa situação muito difícil.

PF: A senhora atribui esta situação difícil do País a quê?
AG: A má gestão política, principalmente, a corrupção. Acho que as perdas em corrupção são muito grandes e falta dinheiro para investir em saúde de base, educação de base.

PF: A senhora acha que é só corrupção? E sonegação? 
AG:A sonegação vem da má gestão, as coisas estão interligadas, porque muitas vezes a sonegação vem das maiores empresas. E essas maiores empresas estão envolvidas com corrupção, com o poder público, então, elas se interlaçam.

PF: Por que a senhora decidiu aceitar o cargo de vice-prefeita, e, repito, com toda essa expertise e conhecimento e não ser candidata a prefeita para colocar essas ideias mais intensamente?
AG: Porque o Aidan veio com uma proposta de programa de governo que batia com o que eu pensava, que vinha ao encontro com aquilo que eu queria para Santo André. Aí nós fomos montando juntos, construindo um relacionamento, eu achei que esse caminho – nós dois juntos – a gente faz melhor, em três melhor ainda e com a população toda melhor ainda. Então, é somar expertise, somar vontade política e somar projetos. Esse negócio de dividir para mim não é, eu acho que é melhor somar. Às vezes, a gente tem que dividir para conquistar, mas dividir trabalho e somar ideias.

PF: E por que somar com o Aidan e não com outro?
AG: Exatamente porque o Aidan tem o perfil mais próximo do que eu acredito. Ele é médico, ele é humanitário como médico, ele sempre foi muito humanitário, assim, não é à toa, que ele tem 10.019 votos, foi o vereador mais votado de todo tempo, porque dentro dos hospitais, no dia a dia da vida, eu o conheci como ser humano.

PF: O que podemos esperar de novo num eventual governo Aidan, com a Glória?
AG: O Aidan amadureceu muito, eu acho que ele está preparado. Hoje, ele tem um projeto de governo inovador, nós fomos coordenadores, nós tivemos um grupo de gestores para coordenar o plano de governo de Aidan. Foi um plano de governo muito bem construído e visando, realmente, a melhora da cidade. Realmente, de forma estrutural.

PF: O que tem de novo este plano de governo?
AG: Ele é baseado na economia criativa, nos três pilares da economia criativa.

PF: Quais são?
AG: A economia criativa em si é você fazer com que as pequenas comunidades sejam autossustentáveis, então, é dar para a comunidade situações e ser parceiro, ser uma facilitador da melhora da vida dela naquela região, inseridas naquela região que elas estão, é você fazer uma saúde sustentável, onde a medicina preventiva é o foco, onde você reduz perdas e você faz mais com menos. Você aumenta os programas de assistencialismo preventivo na Saúde. E a educação integral, aonde a criança é realmente tratada como um serzinho, que vai ser preparado para o futuro, não fazer só uma inclusão digital e, sim, uma inclusão de lógica, computacional, ensinar a ela estar inserida no novo mercado de trabalho, que é um mercado tecnológico. Então, assim, a educação integral no nosso ver é a criança não vai ficar meio período na escola e depois ela vai para um ‘depósito’ de crianças como está acontecendo em várias cidades. A nossa ela vai ter todo um cuidado, porque o Aidan já foi cuidadoso nessa área, no governo dele anterior tinha inglês, tinha ballet, tinha taekwondo, tinha aula de computação, tinha projetos educacionais. Hoje, o Sabina está abandonado. O Sabina era um polo de educação, tinha a Educa Criança, era um projeto bonito que tinha dentro do governo do Aidan.

PF:E a participação da mulher como você vê num eventual governo do Aidan. Ela vai ter um grande protagonismo?
AG: Eu acho que além da nossa parceria de estar construindo ideias, durante esses anos que a gente tem de relacionamento, eu acho que ele chamou uma mulher também para a vice, porque ele queria contemplar, realmente, as mulheres andreenses. Ele queria que a mulher tivesse uma participação ativa e efetiva dentro do governo dele.

PF: Foi criada uma Secretaria de Mulheres aqui, você acha que essa secretaria se mantém?
AG: Sim, isso depende muito de como vai ser. Eu sei que com certeza a mulher vai ser contemplada, tanto que a primeira-dama Denise Ravin é uma pessoa muito ativa. Na gestão do Aidan, o Banco de Alimentos realmente ele funcionava, ele era eficaz e eficiente, hoje, o Banco de Alimentos está bem deficitário pelo que comentam.

PF:Em termos de gestão, a senhora acha que vai ser possível nesse ambiente de arrecadação baixa manter a estrutura de uma Prefeitura de Santo André, com quantos cargos comissionados?
AG: Eu acho que não, mas isso é... Todo o plano de governo do Aidan é otimizar os serviços públicos, fazendo mais com menos. Fazendo mais programas sociais, mais pela cidade, com menos custo, porque a gente já sabe que vai pegar uma Prefeitura bastante deficitária. 

PF: Isso é um impeditivo de fazer algo?
AG: Impeditivo de fazer, não. É mais uma força motriz pra gente se mobilizar.

PF:Queria que a senhora fizesse um panorama estadual político. Como vocês vão se inserir nesse ambiente político e no nacional?
AG: Eu acho que hoje está bem favorável, porque o Marcio França ele é vice-governador, mas ele tem a Secretaria de Tecnologia, que é uma coisa que vai ser um foco forte aqui em Santo André, nós já tínhamos o Parque Tecnológico, que foi todo trabalhado no governo do Aidan, depois ele ficou parado, ele não foi implantado, nem implementado no governo atual. Então, a gente quer dar muito foco para esta área do Parque Tecnológico.

PF: O Parque Tecnológico foi transferido para a Agência de Desenvolvimento, ele saiu da mão da Prefeitura.
AG: O Parque Tecnológico é uma coisa que, realmente, é um foco no governo do Aidan. É desenvolver a tecnologia do conhecimento, é desenvolver a produção de conhecimento, porque ela não é poluente.

PF: Você acha que produzir conhecimento vai necessariamente gerar renda?
AG: Claro.

PF:Na hora que você forma um engenheiro aqui, não necessariamente ele vai gerar impostos na cidade. Não concorda?
AG: Produção de conhecimento, que você exporta, que você vende, softwares, você vai fazer incubadoras e você vai criar seres aqui profissionais, que produzam. O que ele vai produzir? Vai produzir um parafuso, um prego, não ele vai produzir conhecimento, e nós vamos estar exportando, se Deus quiser. A Índia cresceu com isso, com a produção de conhecimento, hoje, a Índia exporta produção de softwares para o mundo inteiro.

PF: Como a senhora vê uma cidade como São Bernardo que tem dois deputados federais, vários estaduais e Santo André só tem um estadual?
AG: Eu acho que politicamente Santo André agora precisa criar novas lideranças políticas. E com essa característica mais humanitária, mais compartilhada, de governo compartilhado pro futuro. Novos políticos.

PF: A senhora considera que um prefeito e uma vice-prefeita têm obrigação de fomento de lideranças políticas?
AG: Eu acho que sim, se a gente quer deixar uma cidade melhor e projetos que sejam perpetuáveis para as próximas gerações.

PF: Como a senhora vê o País hoje e depois pós-votação do impeachment?
AG: O governo da Dilma se perdeu, perderam totalmente o foco para que foram eleitos, e o País chegou numa situação totalmente insustentável economicamente, financeiramente, moralmente e socialmente. Eu acho que tem que ter a transição, passar por vários períodos de transição até a gente chegar a ser um País decente. Um País que pensa nos seus cidadãos.

PF: E esse governo, do Temer, tem melhor capacidade então para gerir?
AG: Eu não posso avaliar se tem melhor capacidade, mas a gente tem que passar por este processo de transição. Porque um governo que ficou até há pouco tempo com outro governo que estava tudo entrelaçado, as ideias eram as mesmas, eu não posso dizer a você, se tem melhores ideias, mas é inevitável, tem que passar por um processo de transição, chegar à eleição.

PF: O que é este processo de transição? Por exemplo, uma reforma política a senhora acha que é necessária?
AG: Sim, com certeza.

PF: Como a senhora vê esta reforma política? Quais bases? Alguém falou aí de voto distrital, a senhora acha que voto distrital é uma das soluções?
AG: É uma das soluções, eu acho que maiores punições para a corrupção, acho que a aprovação dessas leis, essas emendas que estão fazendo anticorrupção são importantíssimas. A população pede isso, a população quer isso. O Moro – não ele propriamente – dar fortalecimento para o Judiciário, para realmente punições.

PF: A senhora acha que o sistema político nosso é adequado ao País o presidencialismo do jeito que ele está ou o parlamentarismo é uma saída?
AG: Eu gosto do parlamentarismo, mas eu acho que, por enquanto, nós vamos ter que ter períodos de transição. Você não pode mudar tudo de uma vez, se não você cria a anarquia.

PF: Nós temos que ser radicais quanto a corrupção?
AG: Isso nós temos que ser muito radicais. Em relação às transições, eu acho que vai ser inevitável, vai ser uma coisa meio que natural, quando você muda e é radical contra a corrupção, as coisas vão mudando naturalmente.

========================================================================

Espaço aberto a todos os candidatos aos cargos eletivos de 2016. Interessados em apresentar suas ideias e propostas aos leitores do Ponto Final escrevam para redacao@pfinal.com.br


Nenhum comentário:

Postar um comentário