Por Thiago Rocha
Thiago Rocha de Paula, 28 anos, é Bacharel e Licenciado em História pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) | Foto: Divulgação |
A preocupação com as liberdades individuais ocupa o discurso de vários políticos, religiosos e acadêmicos como se fosse algo difícil de lidar nos tempos atuais. Isso é válido e a ampliação dos direitos deve ser almejada por todos. Entretanto, o que chama a atenção é reação dos mesmos discursos quando as demandas são postas à mesa.
A cena de Babilônia, da TV Globo, onde duas senhoras se beijam, logo no início da trama, causou uma reação curiosa e perigosa. O fato das duas se beijarem é um escândalo aos olhos conservadores, o escândalo é livre. Mas usá-lo para combater os direitos de alguns, por amarem pessoas do mesmo sexo, e tornar um beijo em cavalo de batalha quando passamos por uma crise muito mais importante, isso sim é escandaloso.
Não há nada de imoral em um beijo consentido. O que é imoral são notícias e cenas de fratricídios, traições, luxúria, avareza e vaidade que são veiculadas pelas emissoras de televisão ainda no Happy Hour. Imorais são programas que acentuam estereótipos sociais esquentando nossos domingos. Imoral é achar que isso é normal.
Contudo, creio que a família civil é o produto da relação de dois cidadãos que se amam e resolvem constituir uma trajetória de vida, juntos, para eternizar esse amor. Digo família civil, pois acredito que, perante a lei dos homens, somos todos iguais e devemos ter direitos básicos independente de nossas escolhas pessoais. Com efeito, uma lei é feita para regular o bom convívio em sociedade e não impor regras religiosas a todos que por ela vão conviver. A lei suprema garante a salvação do povo, mas ao mesmo tempo deve garantir a liberdade, a igualdade para que esse povo busque a felicidade.
Assim, o debate sobre a família civil deve considerar que o Brasil mudou e que as relações sociais progrediram, a tal ponto que grande parte da população não vê problema em tratar como iguais os que outrora eram diferentes. O que quero dizer, amigos, é que o beijo é livre. Amar é livre. Que ser gay é livre, pois não é da nossa conta.
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