De Pedro Martins Craveiro - Consórcio Intermunicipal Grande ABCPela segunda vez consecutiva, a taxa de desemprego registrou queda no ABC, passando de 13,1%, em setembro, para 12,5% em outubro. No mês anterior a taxa já havia caído em relação agosto, mês em que atingiu 13,6%. Apesar da redução, a taxa está 2,2% acima do registrado em outubro de 2014. Os setores que mais contrataram foram Comércio e Indústria da Transformação, que geraram 14 mil e 5 mil postos de trabalho, respectivamente. As informações são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED ABC), realizada pela Fundação Seade e pelo Dieese, em parceria com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, divulgada nesta quarta-feira (25) na sede da entidade regional.
O contingente de desempregados foi estimado em 173 mil pessoas, 9 mil a menos do que no mês anterior. Este resultado decorreu da relativa estabilidade do nível de ocupação (geração de 3 mil postos de trabalho, ou 0,2%) e da redução da População Economicamente Ativa – PEA (6 mil pessoas saíram da força de trabalho da região, ou -0,4%).
Para o economista da Fundação Seade e coordenador da pesquisa, Alexandre Loloian, o movimento de queda da PEA está relacionado ao desânimo provocado pela atual situação econômica. ‘’Há momentos que não são bons para se procurar emprego, e outubro foi um deles. Por conta das notícias que se espalham sobre as poucas contratações das empresas, menos pessoas procuram empregos e isso tem impacto direto na taxa de desemprego’’, avaliou.
Entre setembro e outubro, a taxa de desemprego total manteve-se relativamente estável na Região Metropolitana de São Paulo (de 14,2% para 14,3%), diminuiu nos demais municípios da RMSP, exclusive a capital (de 14,9% para 14,5%) e aumentou no Município de São Paulo (de 13,6% para 14,1%).
Na Região do ABC, o contingente de ocupados permaneceu em relativa estabilidade (0,2%), passando a ser estimado em 1.214 mil pessoas. Setorialmente, esse resultado decorreu dos acréscimos do nível de ocupação no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (6,8%, ou geração de 14 mil postos de trabalho) e na Indústria de Transformação (2,0%, ou 5 mil) – com destaque para o segmento da metal-mecânica (2,3%, ou 3 mil) –, que compensaram a retração nos Serviços (-3,1%, ou eliminação de 21 mil postos de trabalho).
Segundo posição na ocupação, o número de assalariados diminuiu 1,3%. No setor privado, reduziu-se o contingente de empregados com carteira de trabalho assinada (-1,0%) e elevou-se o sem carteira (7,1%). No setor público, o número de assalariados retraiu-se em 10,6%. No mês em análise, aumentaram o contingente de autônomos (3,7%) – com crescimento dos que trabalham para o público (7,9%) e redução dos que trabalham para empresas (-5,1%) – e o dos ocupados nas demais posições (11,5%) e diminuiu o dos empregados domésticos (-2,7%).
Em outubro, a média de horas semanais trabalhadas manteve-se estável entre os ocupados e os assalariados (41h). Já a proporção dos que trabalharam mais de 44 horas semanais reduziu-se para os ocupados (de 28,0% para 27,4%) e assalariados (de 24,6% para 23,5%).
Entre agosto e setembro de 2015, retraíram-se os rendimentos médios reais de ocupados (-2,3%) e assalariados (-1,7%), que passaram a equivaler a R$ 2.017 e R$ 2.107, respectivamente. Também diminuíram as massas de rendimentos dos ocupados (-0,7%) e dos assalariados (-1,3%), em ambos casos, em decorrência da redução dos rendimentos médios reais, uma vez que o nível de ocupação aumentou entre os ocupados e permaneceu relativamente estável entre os assalariados.
COMPORTAMENTO EM 12 MESES
Em outubro de 2015, a taxa de desemprego total na Região do ABC (12,5%) ficou acima da observada no mesmo mês de 2014 (10,3%). Em termos absolutos, o contingente de desempregados ampliou-se em 27 mil pessoas, como resultado da retração do nível de ocupação (eliminação de 53 mil postos de trabalho), movimento atenuado pela redução da População Economicamente Ativa – PEA (26 mil pessoas saíram da força de trabalho da região). ‘’Este ano temos observado a maior variação de desemprego desde 2003. As pessoas estão aguardando o mercado aquecer para procurar emprego’’, relatou o economista.
Sob a ótica setorial, Alexandre Loloian destacou o Comércio como o componente que mais amenizou os impactos da queda de 4,2% no nível de ocupação em 12 meses. ‘’O Comércio salvou a lavoura graças a um crescimento de 12,3%, ou geração de 24 mil postos de trabalho. Este saldo positivo pode ser verificado na recomposição dos estoques que costumam ser feitos nos dois últimos trimestres do ano’’, disse.
Ainda no nível de ocupação, a Indústria de Transformação eliminou 54 mil postos de trabalho (-17,1%), sendo que no segmento metal-mecânica foram 35 mil cortes (-20,5%). Já o setor de Serviços que tem se recuperado nos últimos meses, ainda apresenta déficit de 1,4%, ou 9 mil empregos a menos ao longo dos últimos 12 meses. O economista salientou a crescente importância do setor para a região, que representa entre 51 e 52% do total de ocupados do ABC.
O nível de assalariamento reduziu-se em 10,3% nos últimos 12 meses. No setor privado, diminuiu o contingente de assalariados com carteira de trabalho assinada (-12,5%) e aumentou o sem carteira (2,2%). O emprego público decresceu 7,0%. No período em análise, elevaram-se o número de ocupados nas demais posições (27,6%) e o de autônomos (8,8%) – com aumento dos que trabalham para o público (12,8%) e para empresa (2,8%).
Alexandre Loloian apontou que em momentos de oscilação econômica é comum que o número de autônomos cresça. “Muitas pessoas acabam adotando estratégias de sobrevivência e empreendendo, muitas vezes, criando micro e pequenas empresas. Acontece que no momento em que a economia se estabiliza, muitos acabam abandonando seus negócios para retornar ao mercado na esperança de recuperar seu trabalho antigo”, ponderou.
Entre setembro de 2014 e de 2015, retraíram-se os rendimentos médios reais de ocupados (-11,4%) e assalariados (-9,8%). Também contraíram-se as massas de rendimentos reais dos ocupados (-12,3%) e dos assalariados (-14,0%), em ambos os casos, devido às reduções nos rendimentos médios reais e, em menor proporção, no nível de ocupação. “Temos observado massas de rendimento cada vez mais baixas. Uma hora ficará difícil estimular o comércio se essa perda de poder de compra perdurar, e poderá afetar a estrutura do setor de Comércio no ABC, um dos contrapesos à taxa de desemprego”, alertou o economista.