Por Carlos A. B. Balladas
No início deste ano, sem muito destaque, no jornal Valor Econômico, notícia da quase falência da Eletropaulo, companhia de energia elétrica privatizada na era FHC, e que atende a maior mercado consumidor do País.
De acordo com a publicação, os problemas no abastecimento de energia elétrica na Grande São Paulo, onde consumidores chegam a ficar até sete dias sem energia, ocorre juntamente a uma trajetória de redução nos investimentos da empresa. No acumulado dos nove primeiros meses de 2014, a companhia investiu R$ 399,3 milhões com recursos próprios, 13,7% a menos do que no intervalo equivalente do ano anterior. O principal corte, de 19,8%, foi nos recursos voltados para reduzir o risco de interrupção no fornecimento de energia, que somaram R$ 233,3 milhões no período.
A polêmica privatização da Eletropaulo em 1998, resultou em CPI e várias ações populares. A compra foi por parte da companhia americana AES foi financiada pelo BNDES, totalizando R$ 2 bilhões; uma reavaliação constatou que a empresa deveria ser vendida por algo perto de R$ 22 bilhões. Ou seja, a AES comprou uma propriedade do povo brasileiro, com o dinheiro do povo brasileiro, não pagou a dívida, pois o BNDES converteu US$ 1,3 bilhão de dívidas em ações e debêntures- e fica com o lucro. Os benefícios para os usuários não são evidentes. A rede elétrica se degrada a cada dia e os serviços de manutenção e conserto não existem ou são péssimos.
No verão passado, com os fortes temporais, típicos da estação, foram milhares os problemas enfrentados pela população e empresas servidas pela Eletropaulo. Nada foi feito desde então. A próxima estação de chuvas, que já começou, não será diferente.
O órgão que regula e fiscaliza as empresas do sistema elétrico nacional, a Agência Nacional de Energia Elétrica tem em seus quadros dirigentes omissos, pois não obrigam a Eletropaulo corrigir os problemas crônicos que colocam em risco o dia a dia de milhares de pessoas e o faturamento do comércio e indústria.
A responsabilidade de vigilância sobre as agências reguladora, em nome do povo brasileiro, é do Senado Federal. Não se tem notícia de uma palavra dos senadores paulistas – Marta Suplicy, José Serra e Aloysio Nunes – sobre a incompetência e a irresponsabilidade da Eletropaulo. A leniência destes congressistas é um crime contra os paulistas da Grande São Paulo.
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