Redação
Santo André sedia a Reunião Anual da Unidade Temática de Cultura da Rede Mercocidades (é a principal rede de governos locais do Mercosul), de 26 a 28 de setembro. Na ocasião, a cidade receberá cerca de 30 dirigentes de sete países, incluindo o Brasil, para trabalharem o tema “Direitos Culturais – Promoção e Salvaguarda das Línguas Indígenas”.
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Duas mostras fazem também parte da programação paralela Mercocidades. No Salão de Exposições do Paço Municipal pode ser conferida, até 17 de outubro, a exposição "Fazeres da Tradição" | Foto: Alex Cavanha/PSA |
Na reunião de 2018, realizada na cidade de Arequipa, no Peru, foi definida a proposta do tema deste ano, que está em consonância com o Ano Internacional das Línguas Indígenas, celebrado em 2019 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Os dirigentes abordarão Planos de Cultura, Direitos Indígenas, Políticas Culturais, Tecnologias Digitais e Sociais, entre outros assuntos.
A secretária de Cultura de Santo André, Simone Zárate, explica o encontro: “A troca de saberes e fazeres é sempre algo muito enriquecedor. Ficamos muito felizes, pois Santo André foi escolhida dentre as demais cidades, que fazem parte da Unidade Temática de Cultura para realizar este evento tão relevante”.
Seminário
Parte da programação oficial, o “Seminário Internacional de Direitos Culturais” será realizado nesta sexta-feira (27), das 8h30 às 13h, no Auditório do Sesc Santo André (R. Tamarutaca, 302, na Vila Guiomar) e é aberto a todos os interessados.
O escritor e professor, Daniel Munduruku, abordará “O Pensamento indígena na arte e na cultura”. A ativista em direitos humanos, indigenista e assistente na Gerência de Estudos e Programas Sociais do Sesc, Marina Marcela Herrero, falará sobre “Vitalidade cultural dos povos indígenas no Brasil”.
Na sequência será realizada a mesa “Direitos Culturais e Gestão Pública de Cultura”, com participação do coordenador da Unidade Temática de Cultura da Rede Mercocidades e secretário de Culturas de La Paz (Bolívia), Dario Andres Zaratti Chevarría; diretor de Políticas Culturais e Participação Social da Secretaria de Cultura de Belo Horizonte, João Paulo Pontes e Silva; e da diretora executiva de Diversidade Cultural da Secretaria de Cultura de Santa Fé (Argentina), Maria Florencia Platino.
Ao fim da manhã, o especialista do programa de Cidades Piloto da Comissão de Cultura do Cidades e Governos Locais Unidos (CGLU), Enrique Glockner, apresentará a palestra “Três pontos de partida para entender os direitos culturais”. O historiador e escritor Célio Turino encerra o seminário com a conferência “Bem Viver nas cidades – o que a ancestralidade tem a ensinar para as cidades contemporâneas”. A entrada é gratuita e não é necessária inscrição prévia.
Mostra paralela
Para marcar o evento, Santo André preparou uma agenda cultural especial com diversas atividades ligadas à temática indígena. Nesta quarta-feira (25), das 9h às 21h, a Casa da Palavra Mário Quintana (Praça do Carmo, 171, Centro) recebe a primeira edição da
Feira Indígena. São 15 expositores e 4 mil produtos das etnias Pataxó, Guarani, Kariri Xocó, Pankararé, Pankararu, Tariano, Fulkaxó, Fulni-ô e Tingui Botó.
Às 10h, 14h30 e 18h30 haverá apresentação do grupo indígena de canto e dança "Toré multiétnico" com as etnias Pataxó, Pankararu, Pankararé, Kariri, Xocó, Tingui Botó, Fulni-ô e Fulkaxó; às 10h30 e às 15h serão realizadas contações de mitos indígenas com a etnia Guarani; às 13h30 é a vez da oficina de pintura corporal indígena com a etnia Kariri Xocó.
O povo Tariano Whetamunia fará performance teatral às 19h. Na sequência, às 19h30, o professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) na área de línguas indígenas, Eduardo Navarro, fará palestra sobre o tema. No fim do dia, às 20h, será realizado o debate "O indígena e a urbe", sobre a realidade indígena em contextos urbanos com enfoque na mulher indígena, com participação de Sheylla Pankará, Amanda Pankararu e de Pedro Pankararé.
Exposições
Duas mostras também fazem parte da programação paralela Mercocidades. No Salão de Exposições do Paço Municipal pode ser conferida, até 17 de outubro, a exposição "Fazeres da Tradição". Em parceria com a Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba (Fundacc), são 25 obras que apresentam a temática da cerâmica indígena, tanto das etnias que ainda produzem objetos na atualidade como daquelas já extintas ou que perderam a cultura da cerâmica: Terena, Kadiweu, Xakriabá, Asurini, Karajá, Waurá, e Kaingang bem como as cerâmicas arqueológicas Marajoara, Tapajônica, Tupinambá e Tupiguarani.
Já o Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa apresenta a exposição "Paranapiacaba, Guapituba, Cambuci, sons indígenas do cotidiano". Em parceria com o Museu Barão de Mauá, revela a arte indígena de diversas etnias através de cestarias, armas, utensílios, fotografias e muito mais. Visitação até 19 de outubro.
Outra atividade do Museu de Santo André é a mostra audiovisual "Cineastas indígenas: um olhar sobre o seu povo" na quinta-feira (26), às 19h. São exibições de filmes feitos por cineastas indígenas sobre a vida cotidiana do seu povo, realizados através da ONG Vídeos na Aldeia (PE). Bate-papo ao final, com o cineasta e produtor Diaulas Ullysses, coordenador da Escola Livre de Cinema e Vídeo de Santo André.
Festa do Sul Mercocidades
Quem utilizar a frota de ônibus municipais poderá conferir os 20 textos selecionados da Festa do Sul Mercocidades – Mostra de Microcontos disponibilizados em cartazes. O concurso cultural contou com inscrições de autores de várias cidades da América Latina e trabalhou o tema "Trilhas Originárias: Heranças Indígenas".
A mostra pode ser conferida também em equipamentos culturais como a Casa da Palavra e a Biblioteca Nair Lacerda.
Concerto
O concerto mensal da Orquestra Sinfônica de Santo André (OSSA) no Teatro Municipal Maestro Flavio Florence (Praça IV Centenário, s/nº, Centro), neste sábado (28), às 20h, encerra a programação da semana. O músico Sapopemba é o convidado especial e apresentará o universo afro-brasileiro e a música popular de raiz, com repertório que vai de Dominguinhos a Gilberto Gil, incluindo as peças de maior sucesso executadas pela OSSA.