Em 2011, inúmeras câmaras municipais ajustaram o
número de vereadores a fim de cumprirem preceitos constitucionais; algumas
foram obrigadas a reduzir o número de legisladores, outras acrescentaram novas
cadeiras de acordo com a lei.
Santo André foi a única cidade do ABC a não bulir no
número de vagas em sua casa legislativa. Continua com 21 vereadores.
Esta questão, de grande relevância para a democracia nos
limites do torrão andreense, é colocada
de modo simplista a se referir a ela. Questionam apenas se deve ou não aumentar
o número de vereadores em Santo André, já que há a possibilidade de chegar a 27
cadeiras, a exemplo de São Bernardo do Campo.
Em função da baixíssima credibilidade conferida aos
políticos, a resposta de todos, invariavelmente, é não. Faz eco a esta posição
aqueles que ocupam no momento as 21 vagas.
Mas coloquemos uma lupa na questão e vamos
examiná-la sob vários ângulos.
Verifica-se que os vereadores de Santo André têm
direito a 13 assessores. Se todos forem à Câmara, num mesmo momento, não
cabem nos apertados gabinetes. Note, leitor, a maioria das microempresas
brasileiras não possuem 13 funcionários. O vereador de Santo André tem direito
a celular, com conta paga pelo casa, isto é, nós contribuintes. Os vereadores
têm em seus gabinetes impressora digital de última geração, uma verdadeira
micrográfica. Carro, xerox, cota de correio, telefone fixo sem limitação, entre
outras mordomias. Vereador virou profissão em Santo André, como em outras
cidades, já que o salário, cerca de 20 salários mínimos aqui, não requer que
tenham outra atividade. É bom notar: o Brasil é um dos poucos países do mundo
onde o vereador tem salário.
É preciso que as despesas de cada gabinete sejam
apenas 30% do que é hoje para dobrarmos o número de vereadores, aí teremos
todos os segmentos da população representados - favelados, professores,
estudantes, químicos, gays, negros, metalúrgicos, mulheres, gente da direita,
da esquerda, do centro, etc. Aí fica a pergunta: cabem todos estes vereadores
na Câmara? A resposta pode ser dada com outra pergunta: para que gabinete na Câmara, para a prática do
clientelismo? Vereador tem de ir à Câmara em dias de sessões e em reuniões das
comissões. Que atenda o povo em seus bairros, em espaços como clubes e
associações. E mais: as campanhas eleitorais devem ter limites de gastos, e sem
financiamento de empresas. Em Santo André, pasme, já se fala em campanhas para
vereador a um custo de um milhão de reais! A democracia não pode ser construída
com dinheiro.
O Jornal Ponto Final sempre se colocou a favor do
aumento do número de cadeiras, mas com uma ressalva: que se reduza
drasticamente o salário e despesa de cada gabinete.
Concordo com seu ponto de vista, Balladas. Bom texto. Abs.
ResponderExcluirMarcos S. P. Euzebio