Conforme antecipamos na quinta-feira (19) passada, José Montoro Filho, o Montorinho, deixou o Partido dos Trabalhadores (PT), depois de 34 anos. O agora ex-petista, um dos fundadores da sigla em Santo André, foi vereador por sete mandatos consecutivos na cidade e na última eleição, em 2016, obteve 3.956 votos, sendo o 12° mais votado na cidade e o terceiro mais lembrado do partido.
Entretanto, Montorinho foi impedido de tomar posse do cargo, pois foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa, após o Tribunal de Contas do Estado (TCE) ter rejeitado suas contas, durante o período em que foi presidente da Câmara Municipal (entre 2007 e 2008) – na época, Montorinho destinou subsídios nos moldes do 13° salário aos vereadores da Casa, prática reprovada pelo TCE.
O desdobramento do caso, aliás, foi o principal motivo que levou o ex-parlamentar a deixar o PT. Em conversa com o Ponto Final, Montorinho revelou que ficou “muito chateado” com a forma que sua defesa jurídica foi conduzida pelo partido.
Montorinho reclama da atuação do advogado destinado pelo PT para defendê-lo nos tribunais | Foto: Arquivo |
O ex-petista evitou ataques aos antigos companheiros de militância, pregou respeito e lembrou que ajudou o atual presidente do diretório municipal, José Paulo Nogueira, a se eleger. “É uma pessoa muito boa”, ressalta.
Contudo, ele criticou a atuação do advogado escolhido pela coordenação do partido para defender os candidatos da chapa nos tribunais. “Ocorreu uma falha que não poderia ter acontecido”, afirma.
Na versão de Montorinho, o advogado da chapa, Vitor Hugo de Barros Rossini Silva, foi omisso e perdeu a sessão referente ao seu caso no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Com a ausência de Silva na sessão, o réu ficou sem defesa oral, fato que, na opinião de Montorinho, foi determinante para sua derrota por 6 a 0 no julgamento.
José de Araújo (PSD) fazia parte da coligação do PT no pleito passado, obteve os votos para se eleger, mas não tomou posse por também ser enquadrado na Ficha Limpa. Na sessão de Araújo, o advogado também não compareceu.
Outro lado
O advogado, por sua vez, rechaça as queixas do ex-vereador. “Na sessão do Montorinho nós fomos juntos, mas por conta do trânsito de São Paulo não chegamos a tempo”, justifica. De acordo com Silva, a defesa oral não é obrigatória nesta etapa do processo e não mudaria o veredito dos juristas. “A sustentação oral não iria mudar nada, pois já há uma jurisprudência consolidada”, garante.
Para defender seu trabalho, Silva cita que a defesa de Montorinho no processo teve 56 laudas e não foi substituída pelo ex-petista, quando ele ingressou com recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “As pessoas sempre têm que achar algum culpado. O meu trabalho foi feito, e muito bem feito”, afirma.
Atualmente, a defesa de Montorinho está nas mãos dos advogados Alberto Rollo e José Eduardo Alckmin. No TSE, o ex-vereador foi derrotado por 4 a 3, mas ainda existem etapas processuais para serem superadas até o caso ser definitivamente encerrado.
Futuro político
Montorinho reconhece que deixou um legado no PT, mas avalia que por conta do imbróglio “não há mais clima” para permanecer na sigla.
Sobre seu futuro político, o ex-petista conta que está sendo procurado por outros partidos e garante que estará na campanha eleitoral deste ano. “Mas vou esfriar a cabeça, ficar desfiliado por um tempo”, pondera.
Um comentário recorrente nos bastidores políticos da cidade é de que Montorinho apoiará o vereador Almir Cicote (Avante) no pleito de outubro. O ex-parlamentar admite a proximidade com o atual presidente da Câmara, mas não crava seu apoio. “O Cicote tem me dado o ombro dele. Tenho grande aproximação com a família dele, mas não há nada certo”, despista.
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