quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Tolerância e sociedade

Por Eduardo Leite – advogado e vereador em Santo André pelo PT

Ao que parece, as próximas eleições serão marcadas por um recorde de discursos de ódio e de jogo sujo na disputa por um cargo a deputado, a governador, a senador ou a presidente. Esta é uma dinâmica que vem sendo ensaiada desde as manifestações de junho de 2013 e que reverbera em blogs, redes sociais e vídeos na internet.


A possibilidade de que este clima ruim desemboque em violência não pode ser ignorada. Aqui mesmo em nossa cidade houve recentemente um triste episódio. Nele, a tentativa de se conferir o título de cidadão andreense a um deputado notório por suas manifestações racistas e homofóbicas – proposta a que me oponho com veemência – terminou em agressão a manifestantes que tentavam protestar contra ele na Câmara Municipal. Seguramente a Casa do Povo não existe para que o povo seja agredido.

Como chegamos a este ponto? Como pôde a sociedade desembarcar num quase vale-tudo político depois de décadas de esforços por tolerância e pluralismo? Infelizmente ninguém tem ainda as respostas, embora parte da academia, aquela parte que não está tomada pela mesma intolerância, esteja tentando consegui-las.

O que é óbvio já há algum tempo é que, se há algo que precisa ser combatido, é justamente este ódio. Como? Ironicamente, precisamos nos recusar a aceitá-lo. O filósofo Carl Popper costumava falar do paradoxo da tolerância: para que ela vingue, é preciso não tolerar os intolerantes. Em outras palavras, toda forma de manifestação racista, homofóbica, misógina e classista deve ser evitada, ou senão combatida.

Não existe sociedade sem pluralidade. O próprio conceito de ‘cultura’ envolve a convivência pacífica entre pontos-de-vista diferentes. Quando o ex-primeiro-ministro inglês Winston Churchill falou que ‘a democracia é o pior modelo de governo do mundo, exceto por todos os outros que já foram criados’, era isso que ele queria dizer: a democracia pode parecer chata porque envolve discussões e debates o tempo todo. Mas qualquer alternativa é pior, porque sempre vai significar a repressão a alguém. Aqui no Brasil, a filósofa Marilena Chauí lembrou que a democracia é o conflito.

Um conflito, entenda-se, de ideias, não de pessoas. Se você, em vez de comparar a sua opinião com a do outro, prefere desejar a extinção física dele, está substituindo a política pelo autoritarismo. É impossível criar uma sociedade melhor por meio da violência, da opressão, da censura. A única opção é simplesmente aceitar que as pessoas são diferentes e que pensam diferentemente de você. Ou seja, aceitar quase tudo, menos que elas preguem ou pratiquem a violência contra aqueles de quem discordam.

É este tipo de comportamento que recomendamos agora, nos próximos meses e até o fim. Ainda não inventaram nada melhor para viver em paz do que nós próprios praticarmos a paz todos os dias.

Um comentário:

  1. Engraçado esses petistas, vivem dá prática de divisões de classes, o negro do branco, o rico do pobre, cotas raciais, etc etc, são os filósofos das doutrinas marxistas que vem pagar de moralistas, só que os trechos de seus próprios texto lhes tiraram as máscaras, com seus discursos de ódio, pasmem!

    Disse:

    "Em outras palavras, toda forma de manifestação racista, homofóbica, misógina e classista deve ser evitada, ou senão combatida"

    "deputado bolsonaro racistas e homofóbico".

    Acuse-os do que faz:
    Lênin

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