Serve para qualquer cenário da vida cotidiana. Do que acontece em casa, nos relacionamentos familiares, amizades, amores e amantes, no trabalho, na conjuntura política, nos olhares para o futuro. Vale o ditado de que a pressa é inimiga da perfeição, sem perder de vista o hino de Cazuza, à urgência de viver, a enaltecer que “o tempo não para!”
Busquei várias interpretações intelectuais, poéticas e de autoajuda, extraídas das melhores frases sobre pressa, a começar por Confúcio – “Coisa feita com pressa é coisa mal feita.”; passando por Oscar Wilde – “Não quero adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.”; e, fechando com Silvio de Abreu – “Não tenha medo, cautela, sim. Não tenha pressa, tenha tenacidade. Não tenha prepotência, mas consciência do seu valor. O que me deixa indignado é a impunidade, falta de caráter, manipulação da opinião pública, injustiça, puxa-saquismo, nepotismo, miséria, ignorância, estupidez, mentira.”
Ora, não pense que, ao se chamar atenção para a cautela na interpretação dos fatos correntes, embute-se um cale-se ou um apelo à tolerância. Há um prazo de validade dos fatos para que se tornem notícias. E é preciso dizer também que cautela não é censura, mas o mínimo de respeito que devemos ter com as pessoas à nossa volta ou em rede de domínio público.
Minhas leituras nos tempos recentes pautam os sentimentos de personalidades, perturbadas pela intolerância social e os seus abismos. É muita informação para digerir e pouca capacidade – educacional, talvez – de se interpretar e se sentir partícipe, respondendo ao que não lhe diz respeito ou ofenda suas crenças.
Por falar em crenças, já parou pra pensa-las e organiza-las, com seus valores, ideologias, militância em rede?
No passado recente, quem pensava e influía nos rumos da formação da sociedade vivia num invólucro. Gente que foi machucada pelo autoritarismo e falta de democracia no Brasil e por aí afora. Era praticamente impossível avançar e beber desse conhecimento, além dos artigos e livros que produziam. Os espaços de interatividade eram escassos, mas nunca foram infalíveis. Os dispostos em aprofundar mais sempre existiram, mas o exercício do contraditório carecia de preparo e conteúdos com fundamentos.
Hoje, não! A contemporaneidade valorizou o politicamente correto, como cultura globalizada e por vezes chata, “sofisticando” (#sqn) a visão geral das coisas. E não demos conta que é possível ler o cotidiano como Raul Seixas, que preferia ser “metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, para dizer o oposto do que disse antes.
Amós Oz escreveu em 2004, que “a síndrome de nossa época é a luta universal entre fanáticos e o resto de nós. O crescimento do fanatismo pode ter relação com o fato de que, quanto mais complexas as questões se tornam, mais as pessoas anseiam por respostas simples. O fanatismo acredita que, se alguma coisa for ruim, ela deve ser extinta, às vezes junto com seus vizinhos”.
Portanto, se conseguiu ler este texto até o fim, complete as reticências, sem pressa, porque quem responde com pressa, como registra um provérbio árabe, raramente acerta …
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