quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Je suis UNIFESP

Por Thiago Rocha 
Nesses poucos dias do ano parei para entender como vamos nos tornar uma “Pátria Educadora”. A criação de um Currículo nacional, um novo ensino médio e os resultados do ENEM devem ser debatidos. Contudo, o iminente colapso do ensino público superior do país, com as atuais medidas econômicas do governo, deve entrar em pauta.

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Thiago Rocha de Paula, 28 anos, é Bacharel e Licenciado em História pela UNIFESP

Após a presidente Dilma Rousseff anunciar o seu lema, o governo federal, depois de anos gastança, resolveu admitir seus erros e adotou medidas para conter os gastos. O resultado foi um contingenciamento linear de 39% do orçamento deste ano, em cada órgão do Executivo. E como estamos vendo, isso afeta diretamente as universidades federais.

A UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), por exemplo, lamentou em nota oficial o corte atroz de um orçamento que há anos está aquém do porte da universidade e comunicou: “Este cenário nos obriga a reavaliar medidas a cada instante devido à falta de recursos (...) A Reitoria e diretorias acadêmicas dos campi estão trabalhando para a manutenção dos serviços essenciais enquanto a política de contingenciamento vigorar. Porém, não sabemos ainda quais impactos isso produzirá sobre as atividades de ensino, pesquisa e extensão, incluindo também o hospital universitário (...) Contudo, o presente contingenciamento extrapola nossos limites de atuação”.Colapso?

A crise é real. Comemoramos, em paralelo, os resultados quantitativos de programas que injetam milhões no setor privado de ensino e lotam instituições de qualidade duvidosa, como bastião de nossa evolução social, sem perceber que o iminente colapso descrito acima é resultado da expansão do ensino público superior, necessária, porém mal planejada, da última década.

A estratégia dos programas de repasses de recursos para grandes conglomerados de ensino superior privado é questionável. Se, no curto prazo, atingiu o objetivo de ofertar mais vagas para milhares de pessoas na faixa de 18 a 24 anos, a médio prazo já gerou consequências perigosas. Mais da metade do orçamento dos grandes conglomerados do ensino superior privado do país vem de repasses do setor público. Nos cursos, é nítida a falta de interesse destas instituições com a qualidade dos formandos. A ideia é mercantil o que sustenta uma relação entre instituição e aluno é são os valores do mercado e não da educação. Se o investimento federal privilegiasse a abertura de vagas em universidades públicas, por lógica, a situação geral seria diferente.

Que na “pátria educadora”, o ensino público superior sobreviva. Je suis UNIFESP.

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