sexta-feira, 20 de março de 2015

Ao presidente Tancredo

Por Thiago Rocha 
Thiago Rocha de Paula, 28 anos, é Bacharel e Licenciado em História pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) | Foto: Divulgação 

Senhor Presidente,

Passados 30 anos de sua eleição quero prometer que ela continuará sendo a última eleição indireta para presidente da república neste país.

Entretanto, senhor presidente, novamente, radicalizamos. Num mesmo 15 de março, parte do povo brasileiro saiu às ruas para protestar contra a corrupção e a presidente. Manifestação legítima, mas estou com medo dos rumos que o país tomou, presidente Tancredo. 

Estou com medo, porque vem sendo cada vez mais difícil defender a lucidez no debate político. O Brasil está tão dividido pela cegueira ideológica que, em um ambiente como este, estar aberto ao contraditório, reconhecer a inteligência do adversário retóricoou manter um discurso lúcido, pode nos levar ao suicídio.
A censura voltou. Travestida de curtidas, não curtidas e comentários nas postagens mais ingênuas. A internet, coisa do meu tempo, presidente, torna qualquer um censor, nos segmentando em apenas prós e contras em qualquer questão, tirando-nos a livre expressão dos pensamentos, pois pode acabar não só com o respeito humano, mas com longas amizades em apenas 140 caracteres.
Todavia, sabemos qual é a solução, Tancredo. Sabemos que só uma Reforma Política - cuja discussão se arrasta desde seu tempo - e o fim da impunidade - que hoje extrapolou o suportável - nos colocará novamente no caminho do progresso. Mas o senhor deve estar se perguntado qual é o problema já que temos a solução. Infelizmente, meu líder, os tempos mudaram. Essas causas são complicadas, seus temas difíceis aos olhos do povo médio: não dão curtidas, não levam nossos jovens para a rua e nem dão manchetes.
Neste clima tenso, contudo, vamos lutar pela democracia. Pela a vontade da maioria, gostemos ou não dela. Pela participação popular ampla, geral e irrestrita diariamente nas decisões políticas, pois não podemos, e 
espero nem vamos nos dispersar.

Olhe por nós Tancredo de Almeida Neves.

Obs.: Matéria publicada originalmente na edição 849 do jornal Ponto Final.

Nenhum comentário:

Postar um comentário