quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Estrada de Ferro Santos-Jundiaí completa 150 anos

Da Redação

No dia 16 de fevereiro de 1867 foi inaugurada a The São Paulo Railway (SPR), primeira estrada de ferro em solo paulista, data que completará 150 anos na quinta-feira da próxima semana. Primeiramente conhecida como Inglesa e, posteriormente, como Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, foi construída com capital britânico por milhares de trabalhadores de diversas nacionalidades e até mesmo por mão de obra escrava.

Ferrovia durante a década 60 | Foto: Divulgação
O consultor e pesquisador ferroviário Rafael Prudente Correa Tassi comenta: “O desafio de estabelecer uma ligação eficiente entre o planalto paulista e a baixada litorânea, atravessando a Serra do Mar em um desnível de 800 metros, foi superado por meio da construção de fantásticas obras onde foram instalados engenhosos dispositivos a vapor em um sistema chamado de Planos Inclinados”.

Para marcar a data, a Associação dos Engenheiros da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí imprimirá em março uma edição especial da Revista Ferrovia – órgão de divulgação da entidade há mais de 80 anos – dedicada exclusivamente a relatar em detalhes todo o processo de construção e evolução da ferrovia, inclusive com fotos registradas na época.

Impulso ao desenvolvimento

Na avaliação de Rafael, a tecnologia aplicada pelos ingleses permitiu que São Paulo, na época uma simples vila provinciana, se transformasse na maior cidade do País, dinamizando a economia do estado como um todo, impulsionada pela facilidade de deslocamento de mercadorias encontrada na ferrovia, que na época substituiu a tração animal.

Ribeirão Pires faz parte da linha | Foto: Divulgação

“Resolvido o obstáculo natural da Serra do Mar, a ligação férrea entre Santos e Jundiaí motivou a construção de outras ferrovias que, partindo da Inglesa desbravaram o interior paulista levando o progresso. Esta ferrovia travou, desde sua inauguração, polêmicos embates com a sociedade paulista, pois teve o monopólio do acesso dos trens ao Porto de Santos até meados da década de 1930. Os lucros gerados pelos fretes de cargas agrícolas eram tão generosos que os ingleses chegaram ao ponto de construir um segundo sistema de planos inclinados, ao lado do primeiro, que se tornou o maior sistema funicular do mundo”, complementa o consultor.

Futebol e Previdência Social

A rica história desta ferrovia, que inclui assuntos diversos como a chegada do futebol no Brasil e a criação da Previdência Social, em parceria com a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, encerra o ciclo de administração britânica em 1946 com um incêndio na Estação da Luz. Nacionalizada e rebatizada como Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, foi incluída no rol das ferrovias incorporadas à extinta Rede Ferroviária Federal, em 1957.

Em 1984, os serviços de subúrbios foram separados e designados a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) que em 1994 transferiu os ativos para a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em um processo de estadualização do transporte metropolitano sobre trilhos. Sob os cuidados da CPTM, parte de sua linha tronco - atualmente dividida em Linha 7 (Rubi) e Linha 10 (Turquesa) - veio a se tornar um dos principais corredores de transporte urbano, imprescindível para o deslocamento diário de milhares de pessoas.

Escoamento da produção paulista

Quanto ao transporte de carga, a tradicional ligação entre Santos e Jundiaí se mantém ativa no deslocamento da produção agrícola e industrial paulista sob a tutela da MRS Logística S/A desde 1996, quando se deu início ao processo de privatização da operação ferroviária no Brasil.

A grande densidade de tráfego e a chancela de ferrovia inglesa mais importante do hemisfério sul não impediram a suspensão dos trens entre São Paulo e Santos, mas parte do rico patrimônio histórico ainda pode ser admirado, inclusive centenárias pontes e túneis do sistema funicular que existem até hoje no meio da mata da Serra do Mar. Atualmente, o tráfego de trens de carga é operado por meio de outra tecnologia, o Sistema Cremalheira, que opera as locomotivas mais potentes do Brasil.



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