terça-feira, 24 de julho de 2018

O resgate na caverna da Tailândia: um aprendizado para a vida!

Por Jozimeire Stocco*

Como o tempo passou desde que conversamos sobre sermos presentes em 2018, estar junto com os filhos, com a família! O mês de julho é um bom momento para pensarmos se aquilo que prometemos fazer para 2018 saiu do papel, do plano para a ação. Não quero resgatar as promessas. O que desejo nesse artigo, é dizer que ainda temos tempo de agir de acordo com o que pensamos ou falamos a fim de alcançarmos o que sonhamos, sem desistir, mesmo diante dos obstáculos que a vida nos impõe.

Daí, quero aproveitar para falar de prioridades.

Sim, pois diante de uma lista das metas, dos desejos e dos sonhos, precisamos pensar se de fato aquilo que foi idealizado tem chances de ser alcançado em seis meses, pois já não são mais doze. Por isso quero encorajá-los a pensar nessas prioridades: o que vem primeiro, o que não pode escapar, o que não pode ficar para 2019? Proponho às famílias, que ao olharmos para a lista que fizemos ou relembrarmos as promessas, façamos uma reflexão se o que queremos envolve mais as pessoas que amamos ou as coisas que desejamos.

Time de futebol “Javali Selvagens” | Foto: Reprodução/Veja
Nos últimos dias observamos a tragédia que envolveu 13 vidas: a de doze garotos, entre 11 e 16 anos, e seu treinador de apenas 25 anos, do futebol juvenil “Javali Selvagens”.

No curso natural da vida eles tinham algumas prioridades, mas infelizmente, ao retornarem para casa, após um dia de treino, foram se abrigar de uma forte chuva no interior de uma caverna. Essa situação mudou completamente a ordem de importância, os desejos, os sonhos deles e da família, do governo tailandês e de soldados de algumas partes do mundo que se mobilizaram para juntos resgatarem essas vidas e trazê-las de volta à superfície. Alguns trabalharam diretamente no resgate, outros contribuíram por meio de serviços voluntários de massagens nos mergulhadores que nadavam cinco horas para chegarem até o ponto onde estavam os garotos e seu técnico e mais outras cinco no caminho de volta.

Também teve quem se responsabilizou por providenciar os alimentos, a medicação, o transporte dos cilindros de oxigênio, de dirigirem a ambulância que levou ao hospital para os primeiros socorros, de dar informações aos parentes, de buscar entradas alternativas para a caverna, de fazer meditação, como fez Prayuth Chan Ocha que pediu para que os parentes não desistissem da esperança, entre outras ações prioritárias.

Foto: Reprodução
Quando todos foram encontrados com vida, a Tailândia suspirou aliviada e, quantos de nós, ao redor do mundo também não sentimos a mesma sensação, não é mesmo?

Para os responsáveis, a lista de prioridades após essa excelente notícia foi levar até os meninos e seu treinador, alimentos e primeiros socorros, pois estavam há muitos dias sem comer e em condições precárias de saúde. Com certeza, o que é mais importante foi alterado pelas circunstâncias que são determinantes para as escolhas.

Nesse meio tempo vimos também que um ex-mergulhador da Marinha Tailandesa, Saman Kunan, que se voluntariou nos esforços de resgate, infelizmente morreu. Ele levou suprimentos para o grupo, mas ficou sem oxigênio quando retornava para a entrada da caverna. Deu a vida por esses jovens e seu técnico que sempre terão uma imensa gratidão por essa atitude que fez a diferença para todos eles continuarem tendo forças para suportar esse momento de muita dificuldade.

A esperança e a vontade de sair com vida dessa situação também motivou outro gesto: o de escrever cartas para amigos e familiares e dizer que estavam bem, o que desejavam comer e que sentiam saudade. Mesmo nesse contexto, deram esperança e demonstraram se importar com as pessoas do lado de fora da caverna.

Essa operação de resgate foi bem complexa. Algumas pessoas culparam o técnico, mas as famílias dos meninos disseram para ele não se culpar. Responsabilizá-lo por essa situação não ajudaria em nada, mas ele pediu desculpas e prometeu cuidar deles o melhor que pudesse. Entendo que isso era o que ele precisava nesse momento: saber que tinha o apoio das famílias, pois afinal naquele contexto de prisão ele era o adulto que poderia contribuir para que esses jovens pudessem superar essa adversidade.

O apoio das famílias e fazer o melhor que puder são lições que aprendemos nessa situação. Quando a família apóia esse técnico ela mostra que está junto, que confia nele, que o aprova. Esses são alguns dos sentidos dessa palavra que transformada em atitude, encorajou o técnico Ekkapol Chantawong. Ele disse que daria o melhor dele, que significa dar o “tudo, o máximo”. Inclusive, deixou de comer para que os meninos pudessem ter mais alimento. Às vezes, o tudo circunstancial é o melhor que se tem. Nesse sentido é bem oportuno eu compartilhar o que ouvi em uma das palestras de Mario Sergio Cortella: “Faça o teu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores, para fazer melhor ainda!”

Felizmente, vidas foram resgatadas por meio da dedicação de todos, mesmo diante dos inúmeros obstáculos. Isso para mim é inspirador e me instiga a voltar para a lista de prioridades do início desse ano e pensar no que aprendi com essas 13 vidas e com todo esse contexto e sugiro que cada um, se quiser e achar que vale a pena, analise as circunstâncias da vida familiar, foque nas metas, replaneje o que for necessário e caminhe em direção a realização dos sonhos, envolvendo muito mais as pessoas do que as coisas, levando em consideração o que realmente importa.

Um ótimo segundo semestre a todos!

*Jozimeire Stocco, pós-doutoranda em Educação pela PUC/SP, Doutora em Educação pela PUC/SP, Especialista em Educação Infantil.


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