quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Tempo de deslocamento no Brasil aumenta e gera prejuízos de R$ 111 bilhões à economia

Por Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes no blog Ponto de Ônibus 

A falta de investimentos em transportes públicos com o consequente aumento nos congestio-namentos, além de diminuir a qualidade de vida dos cidadãos, causa prejuízos anuais de R$ 111 bilhões à economia brasileira.

É o que revela o mais recente levantamento nacional sobre mobilidade urbana divulgado nesta quarta-feira, 09 de setembro de 2015, pelo Sistema Firjan – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. O Blog Ponto de Ônibus teve acesso a integra do estudo.


O valor de R$ 111 bilhões se refere, segundo os especialistas que realizaram o estudo, à chamada produção sacrificada, isto é, os recursos perdidos ou que deixaram de ser gerados pelo tempo perdido nos congestionamentos das metrópoles brasileiras. Não levam em conta outros custos, como saúde pública, por exemplo, por causa de acidentes e poluição

Há gastos diretos como mais combustível queimado por causa do trânsito lento, maiores recursos necessários para manutenção de vias e a necessidade de mais veículos de serviços, como ônibus e caminhões, para fazerem uma quantidade cada vez menor de viagens cada. Também é levado em consideração o que poderia ser gerado pela economia se os trabalhadores não perdessem tanto tempo nos congestionamentos. Neste aspecto, são considerados cursos ou atividades que gerariam renda extra e até mesmo a perda de desempenho do trabalhador que já chega cansado ao serviço.

Com os R$ 111 bilhões literalmente queimados e que se evaporam pelos escapamentos, poderiam ser construídos todos os anos pouco mais de 100 quilômetros de redes do que há de mais moderno em termos de metrô ou ainda fazer dois mil e 500 quilômetros de corredores de ônibus com os mais avançados conceitos de veículos, operação e gerenciamento de frota.

O valor também é superior aos R$ 79,4 bilhões do ajuste fiscal apontado pelo Governo Federal como necessário para organizar as contas públicas.

A pesquisa analisou os ir e vir e os dados econômicos de 601 municípios brasileiros que formam 37 regiões metropolitanas no País em 2012. Os dados foram contabilizados, comparados e o trabalho finalizado foi divulgado nesta quarta-feira. Os tempos de deslocamentos contabilizados sempre foram os superiores a 30 minutos.

De acordo com o levantamento, 17 milhões de trabalhadores por dia gastam em média 114 minutos nos deslocamentos diários.

Onde mais se perde tempo para se deslocar no Brasil, é na região metropolitana do Rio de Janeiro. São 141 minutos por dia, sendo que por causa dos congestionamentos, deixam de ser produzidos anualmente R$ 19 bilhões.

São Paulo é a segunda região metropolitana em tempo gasto nos deslocamentos, com 132 minutos por dia. Mas o prejuízo em São Paulo é o maior do País: R$ 44 bilhões e 819 milhões deixam de ser produzidos pela imobilidade. Este prejuízo é 2,3% que o registrado em 2011, referente a penúltima pesquisa.

As ações em prol da mobilidade, mesmo que tímidas, auxiliaram a região metropolitana e ter aumento apenas de um minuto no tempo de deslocamento entre um ano e outro o que prova que todo investimento em transporte público tem resultados benéficos rapidamente. Se estes investimentos fossem mais constantes e acertados, os benefícios seriam maiores.

“No caso paulista, embora o número de trabalhadores que perderam mais de 30 minutos no trânsito tenha aumentado 4,5% (238,8 mil pessoas), o tempo de deslocamento aumentou apenas 1 minuto (1,1%). Isso significa que os programas de ampliação de capacidade do sistema de mobilidade urbana (metrô, trens metropolitanos e corredores exclusivos de ônibus) conseguiram absorver parte do impacto da maior demanda por transporte.” – diz o estudo ao qual o Blog Ponto de Ônibus teve acesso.

Em Curitiba e região metropolitana, onde há uma rede de corredores de ônibus, o tempo de viagem médio é de 122 minutos por dia e os recursos perdidos em congestionamentos por ano chegam a R$ 3 bilhões 353 milhões. Os números são altos e mostram que os investimentos para a priorização do transporte coletivo no espaço urbano devem ser intensificados novamente na capital paranaense e cidades vizinhas. A quantidade de habitantes e de veículos cresceu em proporções maiores à infraestrutura para transportes públicos.

O Vale do Aço, em Minas Gerais, é a região pesquisada com menor tempo de deslocamento diário: 102 minutos. Já o Sudoeste Maranhense é onde as perdas com os congestionamentos são menores: R$ 36 milhões 789 mil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário