Por Vitor Lima
O prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, voltou a atacar a ocupação “Povo Sem Medo”, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), no município. O tucano comentou o assunto na manhã de hoje (25), durante abertura do evento “Construindo o Grande ABC”, organizado pela Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC (ACIGABC), que reúne diversos empresários do setor.
Declarações foram dadas hoje (25), em evento do setor imobiliário | Foto: Arquivo |
Durante seu discurso, no qual Morando comentava os primeiros meses de gestão, o prefeito declarou: “A cidade foi duramente violentada com uma invasão”, ao se referir à ocupação do bairro Planalto, próximo à fábrica da Scania.
Morando reafirmou que não negocia com “invasor” e que cumprirá o plano habitacional da cidade. De acordo com ele, o compromisso de seu governo é contemplar as cerca de duas mil famílias que constam no cadastro da Prefeitura e que recebem bolsa-aluguel.
“Não tenho medo de quem fala alto para furar fila”, dispara. “Se quer seguir o caminho da política habitacional do município, com regras, cumprindo lei, estou à disposição. Agora, se acha que vem para cá, e põe artista para me xingar, pode continuar, mas eu não vou ceder”, diz, para em seguida ser aplaudido pelos cerca de 100 empresários presentes no evento. O tucano, provavelmente, referia-se ao vídeo gravado por diversos artistas em defesa à ocupação. Participaram da produção Caetano Veloso, Camila Pitanga, Letícia Sabatella, entre outros.
De acordo com Boulos, ocupação reúne 8 mil famílias | Foto: Ricardo Stuckert |
Outro lado
“O Orlando Morando deveria se comportar como prefeito e não como advogado de construtora”. Foi assim que o líder do MTST, Guilherme Boulos, recebeu as declarações do prefeito. Boulos lembra que a empresa proprietária do terreno deve mais de R$ 500 mil de IPTU ao município e que a área estava abandonada há 40 anos. No último sábado (21), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou o local para prestar solidariedade aos ocupantes e apoiar a causa.
“É lamentável, aliás, a ilustrativa de que em evento do setor imobiliário ele mais uma vez coloque todo seu ódio contra mais de 8 mil famílias de São Bernardo que estão lutando por moradia digna”, conclui Boulos.
O caso
O terreno pertence a Construtora MZM, possui 70 mil metros quadrados e foi ocupado no início de setembro. A Justiça chegou a autorizar a reintegração de posse, mas a ordem foi suspensa para que seja feita uma audiência com o Grupo de Apoio às Ordens de Reintegração de Posse (Garop), do Tribunal de Justiça de SP, até o momento sem data definida. À época da ordem, os membros do movimento afirmavam que iriam resistir e que não acatariam a decisão da Justiça.
Ações da Prefeitura
Ainda na manhã de hoje (25), antes do seu discurso no evento da ACIGABC, Morando conversou com o Ponto Final e destacou as ações realizadas pela Prefeitura na questão da moradia. “Nós tivemos, em prazo recorde, um volume de autorização de obras populares nunca visto. Lançamos 1,3 mil novas unidades habitacionais. Já licitou e já contratamos, mostrando o índice de importância que isso tem. Tenho estado constantemente com o secretário (de Habitação do estado de São Paulo) Rodrigo Garcia, com o ministro (das Cidades) Bruno Araújo, exatamente trabalhando em prol da habitação popular”, afirma.
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