O complexo cultural, recreativo e esportivo, conhecido como Parque da Juventude, localizado na zona norte de São Paulo, agora passa a se chamar "Parque da Juventude Dom Paulo Evaristo Arns”. A denominação do equipamento público se tornou viável após iniciativa do deputado Luiz Fernando (PT), que idealizou Projeto de Lei em homenagem ao arcebispo falecido em 14 de dezembro de 2016. A Lei 16.761 foi sancionada pelo governador Márcio França, na última sexta-feira (8).
“Trata-se de um homem muito à frente de sua época, que revolucionou a igreja com suas ações, priorizando a periferia pobre e lutando pelos direitos humanos. Com muita coragem, denunciou as arbitrariedades, torturas, mortes e desaparecimentos daqueles que se posicionavam contra o regime militar. Portanto, é uma homenagem emblemática colocar o nome do Cardeal Arns em um local que foi palco de uma afronta aos direitos humanos, o famigerado “massacre do Carandiru”, diz Luiz Fernando.
Espaço na zona norte passa a se chamar Parque da Juventude Dom Paulo Evaristo Arns | Foto: Divulgação |
Em 2007 foi concluído o projeto arquitetônico do parque, que contemplou as três grandes áreas hoje existentes: esportiva, central e institucional. O equipamento possui ampla área verde, instalações para práticas de esporte, áreas de lazer e entretenimento para pessoas de todas as idades, espaço canino e grande área aberta para a realização de shows e eventos.
Além disso, foram mantidos grandes referenciais históricos da época em que o espaço abrigou o Complexo Carandiru, como muralhas e ruínas de celas do presídio; e a oficina de trabalhos manuais transformada no ginásio do parque e que abriga hoje uma academia. Além disso, os pavilhões 4 e 7 foram transformados em duas grandes Escolas Técnicas (ETECs).
Biografia
Dom Paulo Evaristo Arns é natural de Forquilhinha (SC) e foi nomeado arcebispo de São Paulo em outubro de 1970, aos 49 anos. Sua história é marcada pela luta contra a ditadura militar, nas décadas de 60 e 70, e pela defesa dos direitos humanos. Com formação em filosofia e teologia, escreveu 56 livros, entre os quais “Brasil: Nunca Mais”, um projeto conduzido de forma clandestina entre os anos de 1979 e 1985, desenvolvido pelo Conselho Mundial de Igrejas e pela Arquidiocese de São Paulo, que retrata as torturas e outras graves violações aos direitos humanos durante a ditadura militar brasileira.
Trajetória de Dom Paulo foi marcada por luta contra a ditadura | Foto: Divulgação |
Em março de 1973, presidiu a Celebração da Esperança, em memória do estudante Alexandre Vannucchi Leme, morto pela ditadura. No ano seguinte, acompanhado de familiares de presos políticos, apresentou ao general Golbery do Couto e Silva um dossiê relatando os casos de 22 desaparecidos.
Em outubro de 1975, celebrou na Catedral da Sé o histórico culto ecumênico em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, morto pelo regime militar. Anos depois defendeu o voto popular na campanha “Diretas, Já”.
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