O reitor da Fundação Santo André, Francisco Milreu, reuniu a imprensa na tarde de ontem (11) para tornar público as ações tomadas para solucionar a crise por qual a tradicional instituição passa, há anos. Os problemas seríssimos de ordem financeira ocasionaram atrasos de salários e influenciaram na qualidade do ensino prestado aos alunos.
A comunidade do ABC, que nutre extremo carinho pela instituição criada na década de 1960, acompanha aflita os desdobramentos dos acontecimentos na FSA, que estampam as páginas dos veículos de comunicação regionais dia após dia com manchetes negativas.
Milreu, que assumiu o cargo por indicação do prefeito Paulo Serra há pouco mais de dois meses, se esforça para entregar notícias positivas em relação ao futuro da instituição.
O centro universitário continua a registrar déficits financeiros mensais, mas de acordo com o pró-reitor de Administração e Planejamento, Vander Ferreira de Andrade, o rombo mensal da instituição já foi reduzido em 30% com algumas ações tomadas pela nova reitoria.
A diminuição nesse número se deu, principalmente, por conta nas mudanças no Regime de Tempo de Integral (RTP). Diversos profissionais da casa deixaram esse regime e passaram ao Regime de Tempo Parcial (RTP). A diminuição na carga horária, como não poderia deixar de ser, resultou em significativa diminuição na folha de pagamento.
Instituição passa por grave crise financeira | Foto: Arquivo |
A reitoria esclarece que o pagamento dos atrasados será feito a partir do segundo semestre. Contudo, não há um cronograma definido. Haverá a analise caso a caso e, de acordo com os valores a receber dos profissionais, será definido um cronograma de pagamento escalonado.
Em relação a redução da carga horária, diversos profissionais não ficaram satisfeitos. Na visão de Milreu, as medidas tomadas são “fortes” e “amargas”, mas ele avalia que as “pessoas estão entendendo este processo”.
Os representantes da reitoria afirmam que somente em 2019 será possível estimar quando o déficit da instituição será zerado.
Para gerar receitas, mais investimentos
Não apenas em redução de custos está baseado a atuação da nova reitoria. Para equacionar as finanças e provar a viabilidade financeira da instituição, a universidade apostará também em investimentos institucionais para atrair novos alunos.
Está programado para o segundo semestre a abertura de licitação com o objetivo de adquirir equipamentos para a modernização das salas de aula (colocação de projetores multimídia, telas, computadores e ampliação da rede wifi). Parcerias com instituições privadas também devem ser feitas, para a atualização dos laboratórios de informática.
Também foi anunciada o aumento de 5% para 20% de desconto nas mensalidades aos alunos veteranos que indicarem um amigo para estudar na FSA e descontos de até 30% nas mensalidades dos calouros.
A direção também prevê voltar a prestar serviços aos setores público, como a organização de concursos públicos, e privado. Como o CNPJ da Fundação Santo André não pode ser usado devido à pendências com a Receita Federal, uma das alternativas é o utilizar o CNPJ do Instituto de Apoio à Fundação Santo André.
Novos cursos
Para a instituição se sair melhor na disputa com a “concorrência bastante agressiva”, como o próprio Milreu define, estão programadas a criação de novos cursos: Engenharia Química, de Energia e de Tecnologia. Também estão previstos novos cursos de pós-graduação com “valores acessíveis”.
Rodrigo Cutri, pró-reitor de Graduação, garantiu que não existe a possibilidade de cursos serem extintos, o que era uma preocupação latente entre os alunos da área de Humanas.
Instituição garante regularidade do reitor
Ainda na gestão da antiga reitoria, foi iniciado um levantamento da situação dos funcionários da FSA. Existe a suspeita de que alguns profissionais entraram na universidade sem passar por concurso público.
A comissão responsável pelo levantamento entregou na semana passada primeira parte do relatório, feito com base em pesquisas documentais. Esta primeira parte abrange 250 profissionais, entre ele o professor Milreu.
Ele estava no grupo de contratações em que foram detectadas inconsistências, mas voluntariamente já apresentou documentos que comprovam a regularidade da sua atuação na Fundação. “O professor Milreu prestou concurso público e está regularmente contratado e vinculado a Fundação”, assegura Vander Andrade.
Contudo, ao serem questionados se a instituição ou o próprio professor tornariam público os documentos que asseguram a legalidade da contratação do reitor, não houve resposta positiva aos profissionais da imprensa.
Os outros funcionários detectados no levantamento serão notificados até o fim desta semana e terão um mês para apresentar documentos para esclarecer o processo de contratação na Fundação. Caso não apresentem, os casos serão encaminhados ao setor jurídico da instituição.
A comissão responsável pelo levantamento tem mais dois meses para entregar a segunda parte da pesquisa sobre a situação do restante dos funcionários.
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