O debate na TV Globo foi o mais agressivo da campanha, com os candidatos do chamado (pelos nanicos) G-3 se confrontando de forma direta e áspera sobre temas importantes: Dilma e Aécio sobre corrupção, Marina e Dilma sobre Banco Central, Marina e Aécio sobre mensalões e daí para cima. Não produziu, entretanto, um fato político com grande força eleitoral. Ninguém brilhou ao ponto de ser apontado como ganhador indiscutível, ninguém se espatifou no chão com uma acusação nova ou um escorregão.
A depender dele, prossegue até domingo o quadro já revelado pelas pesquisas: Dilma na frente, Aécio e Marina disputando voto a voto a segunda maior votação. O debate final influencia a reta final quando produz fato relevante, quando alguém sai nocauteado ou glorificado. Como nada disso aconteceu, os indecisos vão se decidir movidos por outras influências, como a do grupo social mais próximo, composto por amigos, colegas de trabalho, vizinhos e parentes. A não ser, é claro, que venha pela mídia alguma novidade muito bombástica, o que nesta altura é pouco provável. Paulo Roberto Costa está aí delatando, fulminando empresas mas suas revelações não parecem estar abalando a força de Dilma.
Escolha
Dilma não tem o poder de escolher o adversário no segundo turno mas ao optar sempre por fazer perguntas a Aécio, pode ter indicado preferência pela disputa com o tucano, que teve uma boa performance. Marina estava melhor em relação ao debate da Record. Mas na seara petista, há controvérsias. Há quem pense que Marina seria melhor adversária, mais vulnerável. Ademais, está em declínio, ao passo que o tucano chega à reta final em curva ascendente e com o gás renovado.
Formatos
Definitivamente, a televisão brasileira precisa reinventar o formato dos debates. A Globo se esforçou para inovar, criou a bancada de vidro que coloca os candidatos frente a frente mas no essencial, não saiu do velho modelito: candidato pergunta para candidato, ora com tema sorteado, ora com tema livre. E o modelito não consegue produzir debate de verdade, com os tempos cronometrados e o rodízio pré-estabelecido. O grande número de candidatos também não ajuda mas este é outro problema, consequência do nosso sistema pluripartidário exacerbado.
Alguma fórmula que permita a participação de eleitores previamente selecionados talvez seja possível. E eles, talvez, tragam ao debate temas que lhes interessam mesmo. No formato convencional, a discussão se limita aos temas que os candidatos ou as emissoras querem.
Jogo baixo
Dilma, Aécio e Marina tiveram confrontos duros mas não perderam a compostura. Luciana Genro e Eduardo Jorge também. Acumularam força com suas posturas francas e a defesa firme de bandeiras e convicções. Agora, Fidelix e Everaldo fizeram um papelzinho ridículo ao aproveitarem o tempo da “mensagem final” para distorcerem informações sobre o que Dilma fez em sua passagem recente pela ONU. Ela não defendeu o terrorismo, como disse o primeiro. O mundo já teria caído por aqui. Disse que os ataques militares, por si, são insuficientes para resolver o problema. Elementar. Nem se recusou a assinar o protocolo para combater o desmatamento, como disse o segundo. O protocolo foi lançado, a grande maioria dos países, inclusive o Brasil, estão analisando seu conteúdo, até porque não participaram da elaboração. É preciso avaliar mesmo o que farão os países ricos para garantir a sobrevivência das florestas que estão nos países mais pobres. Precisam fazer a parte deles. Era caso para direito de resposta mas a emissora negou o primeiro pedido de Dilma e ela parece ter optado por fazer uma mensagem final mais suave, não voltando ao assunto.
Ausência
A não ser pela referência intempestiva à fala de Dilma sobre o terrorismo na ONU, o debate passou a léguas da política externa brasileira, embora questões tão importantes, como o futuro do Mercosul, dividam os candidatos. Somos mesmo provincianos. Se na eleição o tema não ganha ressonância, depois é que ficará mesmo restrito aos nichos de elite.
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