*Por Gentil Jorge Alves
A saúde sempre será um tema de discussão global. Cada país tem seus desafios, pontos fortes e fracos, mas a verdade é que todos estão buscando entender o atual momento, não só no que se refere à transformação digital, mas também ao processo de envelhecimento da população, que faz com que muitos caminhos precisem ser revistos para uma boa qualidade de vida.
Se na década de 1940 a expectativa de vida do brasileiro era de pouco mais de 40 anos, hoje já chega à média de 75 anos. São cerca de 24 milhões de pessoas acima dos 60 e quando somamos os que estão acima de 50 anos temos uma população de 54 milhões de pessoas, que representam 25% dos habitantes do nosso país. O IBGE também projeta que até 2060, o número de pessoas acima de 65 anos no Brasil deve quadruplicar e chegar a 58,4 milhões. No entanto, as previsões não têm apontado para um cenário em que a população alcançará a longevidade em condições saudáveis e isso quer dizer que mais do que nunca estamos num momento em que é preciso olhar para a prevenção. Se não cuidarmos da nossa população hoje, qual será a condição que teremos no futuro?
É olhando para o futuro e pensando nas necessidades do presente que novos modelos de negócio são criados para suprir essa lacuna que existe na saúde brasileira. Se a saúde é a segunda maior preocupação dos brasileiros, de acordo com a pesquisa global "What Worries the World" desenvolvida pela Ipsos, o que devemos fazer?
O mundo todo tem se voltado ativamente para a busca de soluções que permitam o cuidado coordenado, o acompanhamento próximo de tratamentos, exames clínicos preventivos, incentivo à pratica de atividades físicas regulares e orientações nutricionais e em saúde mental, por exemplo. Essas ações se mostram eficazes no combate ao desenvolvimento de doenças crônicas, como a depressão, hipertensão, diabetes e enfermidades articulares e cardíacas, que podem acometer pessoas nessa faixa etária.
No passado, falávamos muito em médico da família, mas o conceito se perdeu ao longo dos anos em favor do cuidado fragmentado através de superespecialistas. Recentemente, os setores de saúde privada começaram a olhar com mais cuidado para isso, possibilitando o surgimento de novas empresas como é o caso da Amparo Saúde, pensada para trazer o conceito de Atenção Primária para a saúde suplementar. Acreditamos que muito mais do que remediar uma situação, nós devemos dar condições para que a população não precise de cuidados em outros níveis de atenção à saúde para a maior parte das situações que poderiam ser resolvidas já na atenção primária.
É, por isso, que este conceito de medicina da família está ganhando força, porque estamos centrados, de fato, no que as pessoas realmente precisam, levando em conta todo o seu histórico pessoal, familiar e social. Queremos resgatar a confiança e o vínculo das pessoas com seus médicos, garantindo uma relação duradoura entre profissionais de saúde, pacientes, suas famílias e a sociedade.
E não é apenas isso! Segundo dados do Ministério da Saúde, 80% dos casos atendidos pelos Médicos de Família são resolvidos sem necessidade de encaminhamento para outros especialistas. Dessa forma, um modelo baseado na atenção primária à saúde, no qual o paciente é recebido por um médico da família, é uma ferramenta vital para que operadoras de saúde e empresas possam ter uma assistência de qualidade com menores custos e sem desperdícios. Ou seja, unidades de atenção primária nascem como aliadas dos planos de saúde e fontes pagadoras, atuando em conjunto por um bem maior. Tudo isso leva a uma equalização dos gatos em saúde, com redução de solicitações de exames e internações desnecessárias, por exemplo.
O caminho que enxergamos é que a saúde está em constante evolução, privilegiando a prevenção e dando mais acesso, e nesse sentido desenvolvemos parcerias estratégicas com operadoras de saúde na busca de soluções estruturadas para o paciente. Afinal, o cuidado com a saúde da população deve ser sempre o centro de todas as nossas ações.
No momento em que entendermos que diferentes modelos de negócios na área da saúde podem e devem se complementar - sem excluir uns aos outros - teremos um cenário de ganhos para todos: para a população que terá uma assistência centrada em suas necessidades, para os profissionais da saúde que se manterão engajados nos cuidados e, para o mercado como um todo, com perspectivas favoráveis de sustentabilidade no longo prazo.
*Gentil Jorge Alves é Diretor de Relações com o Mercado, da Amparo Saúde. É pediatra formado pela Universidade Federal de São Paulo e com MBA Executivo pelo IBMEC. Em sua passagem pelo Hospital Sírio Libanês, Alves desenvolveu o Programa de Saúde Corporativa, definindo o modelo de Atenção Primária na instituição.
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