“Esta Medida Provisória é altamente nociva sob vários aspectos, como o manifesto que publicamos cita. Ressalto que a medida transfere para os cofres da União, isto é, às custas do povo brasileiro, as despesas das publicações destas empresas, que hoje cabem somente aos seus acionistas, aqueles que auferem lucro com as mesmas”, declara Carlos Balladas, publisher do Jornal Ponto Final e da revista Negócios em Movimento.
Mídia regional: Ágil e conectada. Independente e responsável
Decisão anunciada no começo da semana pelo presidente Jair Bolsonaro causou uma verdadeira celeuma no meio da comunicação. Ele assinou e fez publicar no Diário Oficial da União a Medida Provisória (MP 892/2019) que dispensa as empresas de capital aberto de publicarem suas demonstrações financeiras em jornais de grande circulação. A partir da MP, bastará a publicação dos balanços no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Dessa forma, Bolsonaro antecipou o final do prazo de transição, previsto para 1º de janeiro de 2022 em lei aprovada no mês de abril. A reação da chamada “grande imprensa” foi rápida em determinar que a medida é uma espécie de revanche do presidente da República pelo tratamento que tem recebido desses veículos de comunicação, e não o resultado de uma necessária modernização do meio jornal, em contínuo processo de migração para o espaço digital. Outro erro de análise cometido em editorial publicado por uma dessas grandes empresas de comunicação foi comparar o seu negócio com o de pequenas e médias empresas do setor, instaladas notadamente nas cidades do interior do país e nas capitais fora do eixo Rio-São Paulo-Brasília. De acordo com a opinião manifestada, esses veículos, pequenos e médios, sofrerão as consequências da suspensão da obrigatoriedade de publicação dos balanços das companhias de sociedade anônima. Uma prova do total desconhecimento do que é e de como se consolida a mídia regional. Diferentemente, essas empresas são enxutas e ágeis. Algumas com mais de 100 anos, outras recém-chegadas ao mercado, mas todas eficientes no controle de gastos cobrado da esfera pública. Mais que isso, focadas em fazer Jornalismo responsável, de qualidade e independente. Ao contrário do que afirma o já citado editorial, não dependem de verbas públicas ou publicações legais. No que diz respeito à geração de receita, dependem, isso sim, do bom e estreito relacionamento que mantêm com a iniciativa privada local, regional ou mesmo estadual. A agilidade dessas empresas transparece também na rápida leitura dos movimentos do mercado e no também rápido ajuste às novidades, condição que permite antever desafios. Exemplos disso vêm do Sul do país. Há menos de um mês o Diário Oficial do Estado de Santa Catarina publicou a Lei 17.757/2019, que “autoriza o uso de meio eletrônico para publicação, comunicação e tramitação de processos, peças e atos públicos e privados, administrativos e judiciais através de sítios eletrônicos veiculados sob a responsabilidade de empresas jornalísticas devidamente registradas na forma da lei e que editem jornal digital periodicamente”, conforme consta no Artigo 1º. A nova lei considera os sites e portais de notícias como espaços legítimos para publicações legais pagas. Além de alcance muito maior, considerando que a internet ignora limites territoriais, a nova regra garante acesso gratuito aos leitores e demais interessados. Santa Catarina fez o dever de casa, resultado de um esforço que começou já há alguns anos exatamente pela visão de que o caminho para o meio digital é irreversível. A mesma tarefa está em andamento no Estado do Paraná, onde já tramita projeto de lei de teor semelhante. São gritantes as diferenças entre o que se convenciono chamar de imprensa nacional e mídia regional. Enquanto a primeira preocupa-se, no mais das vezes, em impor posições conforme seu entendimento dos cenários que se apresentam, a outra se esforça para manter seu público informado, função principal do Jornalismo, dando condições de análise e formação de opinião por parte dos próprios leitores. Sem a distância de quilômetros e de grau de grandeza, são esses veículos regionais que levam às comunidades as notícias importantes para seu dia a dia. Estamos falando das ações das prefeituras e câmaras de vereadores, das secretarias municipais de obras e de saúde, das iniciativas de educação e de assistência social, dos avisos de vagas de emprego e da agenda esportiva ou cultural. Dessa forma, mantêm perfeita sintonia com os leitores a que servem, para não dizer certa cumplicidade. Quando acontece algo que mereça virar notícia, seja ela boa ou ruim, não é para a chamada “grande imprensa” que os leitores, ouvintes ou telespectadores correm para alertar, mas para os veículos da mídia regional. Aí pode se falar em dependência. Uma boa dependência. Assinam este artigo as seguintes entidades:
ADJORI BRASIL - Associação dos Jornais do Interior do Brasil ADI BRASIL - Associação dos Diários do Interior do Brasil
ADJORI-SP – Associação dos Jornais do Interior do Estado de São Paulo
ADJORI-RJ- Associação das Empresas Jornalísticas do Estado do Rio de Janeiro
ADJORI-ES – Associação dos Jornais do Estado do Espírito Santo
SINDEJOR/SC - Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Estado de Santa Catarina
ADJORI/SC - Associação dos Jornais do Interior de Santa Catarina
ADI/SC - Associação dos Diários do Interior de Santa Catarina
ACAERT - Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão ADI BRASIL - Associação dos Diários do Interior do Brasil
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