O prefeito de São Bernardo do Campo e presidente atual do Consórcio Intermunicipal do ABC, que reúne os sete chefes dos executivos municipais da região, Orlando Morando, disse nesta quarta-feira, 3 de maio de 2017, que os prefeitos das sete cidades vão sugerir ao Governo do Estado de São Paulo a troca do projeto de monotrilho, previsto para ligar parte das cidades, por outro sistema de transporte.
Monotrilho do ABC ainda não saiu do papel e as obras
das
duas linhas na capital estão com atrasos de mais
de cinco anos. Foto: EBC
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O monotrilho do ABC, previsto para passar por São Bernardo
do Campo, Santo André e São Caetano do Sul, até a estação Tamanduateí, na
Capital Paulista, deveria ter ficado pronto em 2015, mas depois de diversos
problemas, entre financeiros e indefinições técnicas, as obras sequer foram
iniciadas e vão ficar bem mais caras que o projetado inicialmente.
De acordo
com relatório das Parcerias Público-Privadas, obtido nesta semana pelo Diário
do Transporte, a obra tem riscos fiscais e deve ter um custo de mais R$
250 milhões de reais aos cofres públicos. Com isso, o valor total dos 15,7 km
passaria a ser de cerca de R$ 5 bilhões. O quilômetro se tornaria um dos mais
caros do modal no mundo: R$ 318,4 milhões. A título de comparação, de acordo
com dados da UITP – União Internacional de Transporte Público, cada
quilômetro de BRT – Bus Rapid Transit, corredor de ônibus que pode atender a
uma demanda de até 300 mil passageiros por dia, custaria em média quase 10
vezes menos, R$ 35,4 milhões. Já cada quilômetro de metrô poderia custar entre
R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão, no entanto, a demanda seria praticamente três
vezes maior que do monotrilho, podendo levar até um milhão de passageiros por
dia. Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2017/05/02/com-risco-fiscal-monotrilho-do-abc-deve-precisar-de-mais-de-r-250-milhoes-dos-cofres-publicos-diz-relatorio-do-governo/
Para Orlando Morando, devem ser discutidas outras
alternativas consideradas mais viáveis.
“Podemos discutir o metrô subterrâneo ou um BRT (corredores
de ônibus ), com elevações em trajeto rápido para não pegar semáforo. A gente
vê com preocupação o fato de que o monotrilho da capital não avança. Isso é uma
constatação, não é uma crítica”
Hoje o financiamento para as desapropriações estão entre os
maiores entraves para o monotrilho no ABC mas não os únicos.
O governo federal não deu aval à gestão Alckmin para buscar
financiamentos internacionais, tendo a Secretaria do Tesouro Nacional – STN, por
meio da Cofiex – Comissão de Financiamentos Externos da União, como uma
espécie de “fiadora” no negócio.
O órgão federal entendeu como havendo o risco de o governo
do estado não honrar o financiamento para pagar as desapropriações dos imóveis
que darão lugar às vigas dos elevados por onde passariam os trens leves com
pneus e às estações.
Orlando Morando diz que a situação econômica do País agrava
o futuro do monotrilho.
“Se não tiver melhora na economia do país, é óbvio que o
projeto fica cada vez mais distante. Primeiro o Governo Federal negou
empréstimo, ainda no governo Dilma. Estive falando com presidente Michel Temer,
depois que foi eleito prefeito, para pedir o aporte, mas o projeto não anda,
não tem recurso básico para as desapropriações, nem por financiamento, nem por
empréstimo.”
Ainda de acordo com Orlando Morando, as experiências com as
outras obras do monotrilho nas linhas 15 Prata (zona Leste) e 17 Ouro (zona
Sul), mostram que é necessário discutir a viabilidade do modal para o ABC.
“Acho que cabe ver se ainda é viável monotrilho. Na linha 15
não vai bem e o da linha 17 está parado. Então podemos aproveitar essas
oportunidades para avaliar se ainda é viável o monotrilho porque os projetos
que começaram não funcionam bem”
Os prefeitos da região do ABC, pelo Consórcio
Intermunicipal, devem se reunir com o secretário de Transportes Metropolitanos,
Clodoaldo Pelissioni, para discutirem outros modais.
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